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segunda-feira, 28 de julho de 2025

Brasil sai do Mapa da Fome da ONU: conquista histórica reflete políticas públicas eficazes

Em apenas dois anos, o Governo do Brasil reduziu a insegurança alimentar para menos de 2,5%, retomando trajetória de combate à fome e à pobreza

Foto: Lyon Santos/ MDS


A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) anunciou nesta segunda-feira, 28 de julho, em Adis Abeba, Etiópia, que o Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome. O dado se refere à média trienal 2022/2023/2024, que aponta menos de 2,5% da população brasileira em situação de subalimentação — patamar que define a inclusão no mapa. A marca representa uma reversão significativa após o país ter retornado à lista em 2021.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a notícia, destacando que a retirada do país do Mapa da Fome era uma das prioridades de seu governo desde o início do atual mandato, em janeiro de 2023. Em suas redes sociais, Lula afirmou que o resultado demonstra que "com políticas públicas sérias e compromisso com o povo, é possível combater a fome e construir um país mais justo e solidário".

De acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, o resultado foi alcançado em tempo recorde: “A meta era até 2026, mas conseguimos em dois anos, com o Plano Brasil Sem Fome e ações coordenadas em várias frentes”.

Como a FAO mede a fome no mundo

O Mapa da Fome é construído com base no indicador Prevalência de Subnutrição (PoU), que avalia a proporção da população com acesso insuficiente a calorias para uma vida saudável. A metodologia considera a disponibilidade de alimentos, a distribuição com base no poder aquisitivo da população e as necessidades energéticas médias. Países que registram mais de 2,5% da população nessa condição são listados no mapa. Os dados são divulgados como médias móveis de três anos, para reduzir distorções causadas por eventos pontuais.

Segundo a FAO, mesmo com o ano de 2022 considerado crítico em relação à fome no Brasil, os avanços de 2023 e 2024 foram suficientes para derrubar a média trienal e retirar o país da lista.

Quais políticas influenciaram o resultado

O governo brasileiro atribui a saída do Mapa da Fome a um conjunto de ações que envolvem transferência de renda, apoio à agricultura familiar, alimentação escolar, valorização do salário mínimo e inclusão produtiva. Entre os programas citados estão o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Cozinha Solidária, o PRONAF e a estratégia Saúde da Família, além da recuperação de instrumentos de monitoramento estatístico, como a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA).

Estatísticas recentes do IBGE mostram que até o final de 2023, cerca de 24 milhões de brasileiros deixaram a condição de insegurança alimentar grave. Já a pobreza extrema caiu para 4,4% em 2023, e o índice de desemprego chegou a 6,6% em 2024 — o menor desde 2012. A renda domiciliar per capita subiu para R$ 2.020, e o índice de Gini, que mede a desigualdade, recuou para 0,506, o menor da série histórica.

Ainda em 2024, mais de 1,7 milhão de vagas com carteira assinada foram criadas, das quais a ampla maioria foi ocupada por inscritos no Cadastro Único. Segundo o governo, cerca de um milhão de famílias superaram a linha da pobreza e deixaram de receber o Bolsa Família em julho de 2025.

Histórico: avanços e retrocessos

Essa é a segunda vez que o Brasil deixa o Mapa da Fome. A primeira ocorreu em 2014, após mais de uma década de políticas sociais de combate à miséria. No entanto, a partir de 2016 e principalmente entre 2018 e 2021, segundo analistas, houve um enfraquecimento de programas de transferência de renda e segurança alimentar, o que levou ao retorno do país à lista da FAO.

Cooperação internacional

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi lançada durante a presidência brasileira do G20, em 2024. Foto: Ricardo Stuckert/Secom-PR


Durante a presidência brasileira do G20, em 2024, o governo federal lançou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que reúne mais de 100 países e diversas organizações internacionais. A proposta busca ampliar a cooperação global e mobilizar recursos para enfrentar os desafios da insegurança alimentar, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

"O exemplo brasileiro pode ser adaptado por outros países. Aqui, sair do Mapa da Fome é só o começo. Queremos justiça alimentar, soberania e bem-estar para todos", afirmou Wellington Dias.

Monitoramento e futuro

Além dos dados da FAO, o Brasil voltou a coletar indicadores regulares por meio do IBGE e da rede de saúde pública. A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, aplicada em pesquisas domiciliares, é hoje a principal ferramenta nacional para orientar as políticas públicas, junto a dados do Cadastro Único, da Pesquisa Nacional de Saúde e do monitoramento nutricional do Bolsa Família.

O governo avalia que a manutenção do país fora do Mapa da Fome dependerá da continuidade das políticas públicas, da estabilidade econômica e do fortalecimento institucional das redes de proteção social.

O que é o Mapa da Fome?

É um indicador da FAO/ONU que classifica países onde mais de 2,5% da população está em situação de subnutrição crônica. A permanência fora do Mapa depende da estabilidade no acesso regular e equitativo à alimentação adequada.

Relatório SOFI 2025

O dado foi publicado no Relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025), elaborado por FAO, UNICEF, FIDA, PMA e OMS. O documento é referência global sobre a evolução da fome e da desnutrição no mundo.


Fontes: FAO/ONU, IBGE, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

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