Donald Trump, em nova demonstração de autoritarismo e delírio político, enviou uma carta ao presidente Lula em tom de ameaça comercial e intromissão indevida nos assuntos internos do Brasil. O texto, vazado à imprensa, não é apenas um ultraje diplomático — é também um manifesto ideológico que revela o desprezo do ex-presidente americano pela soberania brasileira e pelas instituições democráticas.
Ao defender Jair Bolsonaro — condenado por tentar minar o processo eleitoral brasileiro —, Trump reforça sua aliança com forças antidemocráticas globais. Classifica o julgamento do ex-presidente como "vergonha internacional" e "caça às bruxas", repetindo o mesmo vocabulário paranoico que tem usado nos EUA para deslegitimar suas próprias acusações criminais. O fascismo contemporâneo opera exatamente assim: transforma réus em mártires, Justiça em perseguição, e o Estado de Direito em ameaça ao “povo verdadeiro”.
Mas Trump não para aí. Anuncia, em tom de decreto, que a partir de 1º de agosto de 2025, os EUA imporão uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras — uma retaliação não apenas econômica, mas política. O motivo? O Brasil estaria, segundo ele, censurando empresas americanas ao combater desinformação nas redes sociais. É o mundo às avessas: uma tentativa de regulação democrática das plataformas digitais vira, na boca de Trump, “ataque à liberdade de expressão dos americanos”.
Essa carta evidencia um problema muito maior que um conflito comercial: a ascensão de um neofascismo global, no qual líderes autoritários, como Trump e Bolsonaro, se apoiam mutuamente, atacam instituições judiciais, desacreditam a imprensa, e transformam qualquer crítica em conspiração. A linguagem usada é a do bullying imperial — do colonizador que dita regras, ameaça com tarifas, e exige submissão sob o disfarce de “acordo comercial justo”.
Trump trata o Brasil como república bananeira: um país que deve aceitar punições unilaterais, calar sua Justiça e manter as portas abertas a interesses americanos sem reciprocidade. Em sua lógica imperial, só existe parceria se o outro lado obedecer — caso contrário, tarifas, sanções, humilhações. É um retorno à diplomacia da força, incompatível com a convivência civilizada entre nações soberanas.
Diante desse ataque, o Brasil deve responder com firmeza e inteligência. Não se trata apenas de defender o governo atual, mas a autonomia de nossas instituições e o respeito às normas internacionais. A retórica fascista e os atos unilaterais de Trump, ainda que pré-eleitorais, não podem passar impunes no debate público e nos fóruns internacionais.
Se Trump vencer as eleições americanas em novembro, o mundo verá os EUA voltarem a ser uma ameaça à ordem democrática global. E o Brasil, se quiser manter sua dignidade, precisará reafirmar sua soberania — econômica, jurídica e política — diante de todo e qualquer império que nos trate como colônia.



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