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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Bolsonarismo se tornou o grande aliado da corrupção



Ninguém pode, por muito tempo, ter um rosto para si mesmo e outro para a multidão sem no final confundir qual deles é o verdadeiro.


Foi durante o governo de Jair Bolsonaro que duas mudanças decisivas ampliaram o espaço da corrupção no Brasil. A primeira foi a alteração da Lei de Improbidade Administrativa, que passou a dificultar a punição de agentes públicos envolvidos em desvios de recursos. A segunda foi a institucionalização do chamado “orçamento secreto”, mecanismo que entregou ao Centrão o controle de bilhões de reais do orçamento federal sem transparência ou fiscalização efetiva.


Essas medidas contrastam com a narrativa que levou Bolsonaro ao poder. Ele se apresentava como o candidato do combate à corrupção, mas, ao longo do mandato, fortaleceu práticas que ampliaram a impunidade e deram sobrevida ao fisiologismo político. Nunca o Centrão teve tanto poder quanto sob seu governo.


A corrupção, porém, não se restringe ao Executivo ou ao Congresso. Ela é um fenômeno enraizado em toda a sociedade brasileira. Casos de conluio entre servidores do INSS e fraudadores para desviar benefícios de aposentados mostram que o problema vai muito além da política. Há desvios no Judiciário, nas polícias, em órgãos de fiscalização, em empresas privadas e até em serviços cotidianos.


Nesse contexto, tramita no Congresso a chamada PEC da Blindagem, liderada pela oposição bolsonarista, que prevê limitar a possibilidade de punição criminal de parlamentares. Se aprovada, criará uma casta de políticos intocáveis, reforçando a percepção de que parte do sistema político se move para se proteger em vez de responder às demandas da sociedade.


O bolsonarismo surgiu no rastro das manifestações de 2013, que pediam genericamente “o fim da corrupção”. A insatisfação popular foi capturada por um discurso demagógico que, no lugar de oferecer soluções, radicalizou a sociedade e consolidou um projeto que, na prática, fortaleceu a corrupção em vez de combatê-la.


A experiência mostra que não há atalhos fáceis. Combater a corrupção exige instituições sólidas, transparência e participação social contínua. Para além de slogans, o desafio é que a sociedade se organize em espaços de diálogo, leia mais, discuta mais e reduza a dependência de discursos prontos que apenas iludem.

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