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| Coleta direta de lixo aumenta gradativamente desde 2016, chegando a 86,9% dos domicílios em 2024 - Foto: Luiz Alves/Prefeitura Cuiabá |
O acesso a serviços básicos e as condições de moradia no Brasil vêm apresentando mudanças significativas nos últimos anos. Dados do módulo Características Gerais dos Domicílios e Moradores da PNAD Contínua, divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE, mostram crescimento gradual da coleta de lixo, do abastecimento de água e da cobertura de energia elétrica, além de transformações na posse de imóveis e no perfil da população residente. Esta é a primeira divulgação anual após a reponderação dos dados com base no Censo 2022.
Coleta de lixo
Em 2024, 93,1% dos domicílios eram atendidos por coleta de lixo, seja diretamente na propriedade (86,9%) ou por meio de caçamba (6,2%). O índice de coleta direta cresceu em relação a 2016, quando era de 82,7%, com destaque para o Nordeste, que subiu de 67,5% para 78,4%.
Apesar dos avanços, 4,7 milhões de domicílios (6,1%) ainda queimavam lixo na própria moradia em 2024, sobretudo no Norte (14,4%) e no Nordeste (13,1%). Nas áreas rurais, mais da metade (50,5%) das propriedades recorriam à queima como forma de destinação, enquanto apenas 33,1% tinham coleta direta.
Esgotamento sanitário
No país, 70,4% dos domicílios possuíam escoamento de esgoto pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede em 2024, frente a 68,1% em 2019. A cobertura é desigual: apenas 9,4% das residências rurais têm acesso, contra 78,1% nas áreas urbanas.
As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram os menores índices, mas também os maiores avanços entre 2019 e 2024. Já o Sudeste alcançou 90,2% de cobertura. Ainda assim, 11,1 milhões de domicílios (14,4%) lançavam dejetos em fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar — percentual que chega a 36,4% no Norte e 25,1% no Nordeste.
Abastecimento de água
A rede geral abastecia 86,3% dos domicílios em 2024, com fornecimento diário em 88,4% dos casos. Nas áreas rurais, apenas 31,7% dos lares tinham rede geral como principal fonte, enquanto predominavam poços profundos, rasos, fontes, nascentes ou caminhão-pipa.
No Norte, a cobertura pela rede geral era de 61,7%, a menor entre as regiões, contra 92,5% no Sudeste.
Energia elétrica
O acesso à energia elétrica alcançou 99,8% das moradias brasileiras, sendo 99,3% via rede geral. Nas áreas rurais, a cobertura era de 99,2%, mas no Norte apenas 85,2% das propriedades tinham acesso à rede. Fontes alternativas garantem a complementação em áreas isoladas.
Condições de moradia
O estudo também mostrou que 89,3% das moradias tinham paredes externas de alvenaria ou taipa com revestimento em 2024, avanço de 17,4% desde 2016. O Norte, embora com a menor cobertura (71,2%), registrou o maior crescimento.
Quanto ao piso, 82,3% dos domicílios tinham cerâmica, lajota ou pedra, predominando em todas as regiões. Em relação ao telhado, 49,3% possuíam telha sem laje de concreto, proporção em queda desde 2016.
Propriedade e aluguel
O número de domicílios alugados chegou a 17,8 milhões em 2024, aumento de 45,4% em relação a 2016. Eles já representam 23% do total de moradias. Em contrapartida, diminuiu o percentual de domicílios próprios já pagos, hoje 61,6% do total, ante 66,8% em 2016.
Bens e equipamentos
A pesquisa mostra que 48,8% dos lares possuem automóvel e 25,7% motocicleta. No Norte e no Nordeste, a posse de motos supera a de carros. Entre os eletrodomésticos, a geladeira está presente em 98,3% dos domicílios, enquanto a máquina de lavar alcança 70,4%, com grandes diferenças regionais: apenas 40,5% dos lares no Nordeste contam com o equipamento.
Estrutura populacional
A população brasileira continua envelhecendo. Os idosos (65 anos ou mais) já representam 11,2% do total em 2024. O grupo com menos de 30 anos, que em 2012 era quase metade da população, caiu para 41,9%.
No recorte por sexo, as mulheres são maioria, com 51,2% da população. A razão é de 95,2 homens para cada 100 mulheres, com maior desequilíbrio entre idosos: 78,9 homens para cada 100 mulheres acima dos 60 anos.
Arranjos domiciliares
O arranjo nuclear, formado por casais com ou sem filhos, ainda é predominante (65,7%), mas vem caindo desde 2012. As unidades unipessoais, compostas por apenas um morador, aumentaram de 12,2% para 18,6% no período. O Sudeste tem a maior proporção de domicílios unipessoais, enquanto o Norte registra a menor.



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