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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Marginais atacam a soberania do Brasil



O Brasil tem sido alvo de ataques velados e explícitos vindos de setores do governo americano, em especial sob a liderança de Donald Trump; com a ajuda de traidores da pátria em nome de interesses pessoais, políticos e ideológicos; cuja política externa e interna tem sido marcada por agressividade, manipulação de informações e uso de sanções como arma política. As ações hostis, não se limitaram a questões comerciais: a retórica e as medidas unilaterais buscam influenciar até mesmo o equilíbrio institucional de outros países, atingindo simbolicamente cortes constitucionais e enfraquecendo a credibilidade de governos estrangeiros.


Mais recentemente, Trump protagonizou um episódio que ilustra bem seu modus operandi: a demissão de uma funcionária do Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos por ter divulgado dados que indicavam queda na criação de empregos. Em vez de lidar com a realidade, preferiu moldá-la à sua narrativa — comportamento que não surpreende economistas como o Nobel Paul Krugman, para quem Trump vive em uma “bolha de fatos alternativos”, desacreditando indicadores e distorcendo números para manter seu poder político.


Nesta semana, em sua coluna, Krugman trouxe uma citação de Hannah Arendt, em alusão à demissão da responsável pelos dados que Trump não gostou, como característica estrutural do totalitarismo: substituir a competência pela subserviência. No lugar de técnicos qualificados, entram fanáticos, oportunistas e incompetentes cuja fidelidade ao líder está acima de qualquer compromisso com a verdade ou o interesse público. :


“O totalitarismo no poder invariavelmente substitui todos os talentos de primeira linha, independentemente de suas simpatias, por aqueles malucos e tolos cuja falta de inteligência e criatividade ainda é a melhor garantia de sua lealdade (Hannah Arendt)”.


Essa inversão da realidade não é exclusividade americana. O Brasil, durante o governo Jair Bolsonaro, experimentou dinâmica semelhante. As evidências científicas eram atacadas, as instituições democráticas eram desacreditadas e o debate público foi contaminado por notícias falsas e teorias conspiratórias. Não se tratava apenas de divergência ideológica, mas de um método sistemático de corroer a confiança da população nos meios tradicionais de produção de conhecimento e na própria democracia.


Sob Bolsonaro, um diretor do INPE foi demitido por causa dos indicadores de desmatamento na Amazônia. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por sua vez, perdeu o cargo por cumprir seu dever no início da pandemia de Covid-19 e por ciúmes de Bolsonaro do seu destaque na mídia. Aberrações diplomáticas como Ernesto Araújo e figuras ineptas no Ministério da Educação marcaram aquele período, consolidando um padrão de desprezo pela competência técnica e pela gestão responsável.


O fascismo do século XXI não se apresenta com fardas e desfiles militares como no século passado. Ele surge disfarçado de defensor da democracia, mas, paradoxalmente, atua para destruí-la. Utiliza a liberdade de expressão para espalhar mentiras, o discurso de “Estado mínimo” para desmontar políticas públicas e o apelo a “direitos humanos” como escudo quando seus próprios líderes são responsabilizados por crimes contra o Estado de Direito. É a inversão total dos conceitos: atacar as instituições e, ao serem processados, acusar o sistema de autoritarismo.


Trump e Bolsonaro representam, cada um à sua maneira, essa nova forma de autoritarismo travestido de populismo. São criaturas políticas que nunca tiveram apreço genuíno pela democracia, mas que souberam manipular o sentimento popular para enfraquecer os mecanismos que garantem a liberdade. Ao se colocarem como vítimas, buscam desviar o foco de seus atos concretos: o desprezo pelas regras, a sabotagem da transparência e o ataque direto aos pilares institucionais.


Se a história ensina algo, é que democracias não caem apenas com golpes militares, mas também pela corrosão lenta e estratégica de seus valores fundamentais. Reconhecer essa tática e denunciá-la é tarefa urgente — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos — para impedir que a manipulação da verdade e a inversão de conceitos transformem a exceção em regra.

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