Grupo de Trabalho prepara minuta de projeto de lei com foco em consulta prévia, proteção ambiental e fortalecimento da fiscalização.
Audiência promovida pelo GT Jefferson Rudy | Agência Senado
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), relator do Grupo de Trabalho do Senado que discute a regulamentação da mineração em terras indígenas, reforçou nesta semana que o Brasil precisa construir um marco legal responsável, equilibrado e baseado no diálogo com os povos originários. Durante audiência pública do GT, o parlamentar destacou que o objetivo central é garantir segurança jurídica, proteção ambiental e respeito à Constituição, sem abrir espaço para conflitos ou exploração desordenada.
“Não podemos criar uma lei que patrocine o conflito. Qualquer regulamentação precisa nascer do consenso possível, da ciência e da escuta real das comunidades indígenas. Sem isso, o país corre o risco de repetir erros históricos.”, afirmou o relator.
O Grupo de Trabalho, instalado no Senado, tem promovido debates com especialistas em geologia, meio ambiente, direitos indígenas, fiscalização e impacto socioeconômico, além de representantes de órgãos federais e de comunidades tradicionais. O cronograma inclui audiências específicas sobre:
- identificação e mapeamento geológico das áreas de potencial mineral;
- impactos ambientais e riscos de contaminação;
- experiências internacionais de mineração em territórios protegidos;
- consulta prévia, livre e informada (Convenção 169 da OIT);
- modelos de repartição de benefícios econômicos;
- fortalecimento da fiscalização e combate ao garimpo ilegal.
Para Rogério Carvalho, o país não pode repetir o ciclo de violência, degradação e ilegalidade que marcou os últimos anos, especialmente em regiões onde o garimpo ilegal avançou sobre territórios indígenas, provocando danos ambientais graves, conflitos armados e desorganização social.
“A ausência de regras claras favoreceu o crime ambiental, o garimpo ilegal e organizações que exploram vulnerabilidades indígenas. O que estamos propondo é exatamente o contrário: um marco regulatório que impeça abusos e dê instrumentos ao Estado para fiscalizar com rigor.”, acrescentou.
O senador enfatizou que a regulamentação só pode avançar se atender a quatro pilares fundamentais:
1. Proteção dos direitos dos povos indígenas
Garantir que qualquer atividade mineral só ocorra com consulta prévia, livre e informada, e com participação ativa das comunidades.
2. Sustentabilidade ambiental baseada em evidências científicas
Avaliação rigorosa dos impactos e criação de mecanismos de mitigação e compensação ambiental.
3. Segurança jurídica
Regras claras, previsíveis e compatíveis com a Constituição e com tratados internacionais.
4. Fiscalização e combate ao garimpo ilegal
Fortalecimento de órgãos como Funai, Ibama e Polícia Federal, garantindo presença estatal nas áreas vulneráveis.
Segundo o relator, o relatório final do Grupo de Trabalho trará uma minuta de projeto de lei, acompanhada de diretrizes técnicas e jurídicas para garantir que a regulamentação avance de forma equilibrada, constitucional e baseada em evidências. A proposta consolidará os princípios debatidos nas audiências, como consulta prévia, proteção territorial, sustentabilidade ambiental e fortalecimento da fiscalização, resultando em um texto legislativo apto a iniciar a tramitação no Senado.
“Nosso compromisso é com a proteção da vida, da floresta e das comunidades. Se houver regulamentação, ela precisa ser exemplo de maturidade institucional, e não combustível para retrocessos.”, finalizou Rogério Carvalho.


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