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sexta-feira, 27 de maio de 2011

O sombrio quadro da educação no Brasil

Enquanto a população se revolta com o quadro precário do ensino, governo Dilma corta R$ 3 bi da Educação

Diego Cruz

• No vídeo, a fala contundente de uma professora da rede pública do Rio Grande do Norte. Em palavras simples e diretas, a realidade da situação precária da educação no estado, que é a mesma em todo o país. O vídeo de um discurso da professora e militante do PSTU Amanda Gurgel numa audiência pública virou um fenômeno nas redes sociais da internet e causou uma verdadeira comoção nacional. Mas por que algo aparentemente tão simples causou tanto estardalhaço?

A resposta está na identificação de milhares de professores, pais, alunos e da população em geral com as palavras da professora potiguar. Todos sentem na pele a precariedade da educação, as salas superlotadas, a falta de infraestrutura, os salários baixos. Faltava alguém que expressasse isso e falasse o que todos queriam dizer. E foi o que fez Amanda Gurgel.

Dilma: 3 bi a menos para Educação
Diante da situação do ensino no país, o governo e boa parte da imprensa responsabilizam os professores, justamente as maiores vítimas. Os verdadeiros culpados, porém, são os sucessivos governos que cortam recursos da educação para o pagamento da dívida pública, transformando escolas em verdadeiros depósitos de crianças e adolescentes.

Em 2001, ainda durante o governo FHC, o congresso aprovou o Plano Nacional de Educação, o PNE, que estabelecia uma série de objetivos para a década. Entre eles, a erradicação do analfabetismo e o progressivo aumento da verba de educação para 7% do PIB. Medidas mínimas, para não dizer rebaixadas. Dez anos depois, após oito anos de governo Lula e um semestre com Dilma na Presidência, o país continua praticamente no mesmo lugar, apesar do crescimento econômico do último período.

A proporção do PIB investida na Educação é de apenas 4%. Não teve aumento nos últimos dez anos. O analfabetismo, por outro lado, teve uma redução de apenas 0,5% nesse período. Chegamos à primeira década do século 21 com uma vergonhosa marca de 9,5% da população adulta analfabeta.

Para se ter uma ideia, o Brasil, sétima economia do mundo, aparece em 88º lugar entre 127 países no ranking da Unicef sobre educação. O ranking estabelece a evolução de cada país para atingir metas definidas na Conferência Mundial de Educação em 2010. Ainda que possa ter seus critérios questionados, a posição do Brasil, atrás de países como Botswana (84º) ou até da Palestina (76º), pode dar uma mostra da real situação.

Esse é o resultado de anos de descaso e desmonte deliberado da educação pública. Situação que só tende a piorar diante do corte de R$ 50 bi anunciado pelo governo Dilma, dos quais R$ 3 bi atingem a educação. 

Professores estão ficando doentes
Na estrutura precária da educação pública, o professor é o elo mais fraco. A lei do piso nacional, aprovado em 2008, estabelece salário de R$ 1.187,14, mas é sumariamente ignorado.

Chegamos a um nível em que os professores, assim como operários superexplorados numa fábrica, estão adoecendo em massa. Levantamento do Ilaese (Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos) indica que 45% dos trabalhadores em educação do país sofrem de estresse e nada menos que 20% apresentam sintomas de depressão.

Não pagar a dívida e investir 10% em educação
Enquanto o governo continuar privilegiando o pagamento da dívida pública, a situação degradante da educação não vai mudar. Por isso é necessário, imediatamente, parar de pagar a dívida pública para investir 10% do PIB no setor. Só assim será possível aumentar o número de salas de aula, garantir infraestrutura e salário digno aos professores. 

 pstu.org.br

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