Segundo relatório anual da Organização Internacional do Trabalho, 200 milhões de pessoas estão desempregadas e 900 milhões estão ocupadas mas ganham pouco e vivem na pobreza. População em idade ativa com emprego sofre maior queda da história. Falta de oportunidade atingirá de 1 milhão a 7 milhões em 2012. 'Criação de emprego deve ser prioridade número um', diz diretor-geral.
Carta Maior
BRASÍLIA – Um terço dos trabalhadores do mundo está hoje desempregado ou ganha salário que o coloca abaixo da linha da pobreza. A proporção de pessoas em idade ativa e com emprego sofreu a maior queda da história nos últimos anos. Em 2012, é certo que a desocupação aumentará, restando dúvida sobre o tamanho do problema – as novas vítimas serão 1 milhão, 3 milhões ou 7 milhões?
O desalento do mercado de trabalho mundial, fruto da crise financeira global que começou a se desenhar em 2007, explodiu em 2008 e tem desdobramentos até hoje, está descrito no relatório anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cuja versão 2012 foi divulgada nesta terça-feira (24), em Genebra, na Suíça.
O estudo reafirma um cálculo que a entidade já tinha tornado público em setembro do ano passado, segundo o qual existem 197 milhões de desempregados no mundo. Para absorvê-los e dar uma oportunidade ao batalhão que chegará ao mercado de trabalho nos próximos dez anos, a OIT estima que deveriam ser criadas 40 milhões de vagas novas por ano, no mínimo.
Para a entidade, é um “desafio urgente” e necessário para “manter a coesão social”. Mas a OIT não acredita que o desafio será vencido. Ao contrário, a perspectiva é pessimista. O relatório aponta três cenários básicos sobre o mercado de trabalho em 2012, e em todos o desemprego aumenta.
No melhor deles, em que o núcleo “europeu” da crise econômica soluciona logo seus problemas de dívida pública, um milhão de pessoas ficam desempregadas em 2012. No intermediário, que é o mais provável, para a OIT, a desocupação atingirá 3 mihões de pessoas este ano (chegariam a 200 milhões), avançando até 206 milhões em 2016.
O que de pior poderia ocorrer, segundo a OIT, seria o mundo apresentar um crescimento econômico abaixo de 2% este ano, não muito distante da previsão de 2,6% divulgada na semana passada pela agência das Nações Unidas que estuda comércio e desenvolvimento (Unctad). Neste caso, o desemprego atingiria mais 7 milhões de trabalhadores em 2012.
É uma das piores fases do mercado de trabalho da história. O relatório diz que, de 2007 para 2010, houve a maior queda na proporção de pessoas que estão em idade ativa e arrumam emprego. Em 2007, elas 61,2%. Em 2010, eram 60,2%.
E mesmo para quem consegue uma vaga, a situação não é boa. A entidade estima que 900 milhões de trabalhadores vivem abaixo da linha da pobreza, pois recebem salário que não chegam a 2 dólares por dia. Metade deste grupo, ou seja, 450 milhões de pessoas, vive na extrema pobreza, pois ganha 1,25 dólar por dia.
Somando-se os 900 milhões de pobres aos 200 milhões de desempregados mundiais, a OIT diz que há um terço de trabalhadores com más condições de vida. “O que é preciso é que a criação de empregos na economia real se transforme na nossa prioridade número um”, diz o diretor-geral da OIT, Juan Somavio, no comunicado em que o relatório é divulgado.
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