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segunda-feira, 5 de março de 2012

Agassiz Almeida: “Oduvaldo Batista não temia circunstâncias adversas, enfrentava-as”.


De relance, olhemos Oduvaldo Batista.
A sua vida carregou-se de uma permanente flama contra todas as formas de tirania. E a pior delas: a tirania do silêncio comprometedor, a tirania daqueles que se calam para servir melhor aos poderosos de plantão.
Ele catapultou a dimensão dos dignos em toda a extensão. Para nossa geração, não foi apenas um companheiro; marcou um destino de caminhante que jamais desfaleceu na jornada.
Lá, pelos anos negros da ditadura militar, certa vez me encontrei com Oduvaldo, em São Paulo. Que postura de resistente ante as adversidades!
Possuía a consciência de si e do seu papel na história. Os cantos da sereia dos oportunistas não o embriagavam.
Indignava-se com esta dialética, embalada nos conciliábulos das elites: o senhor e o servo. Recusou-se a calar diante desta dicotomia.
Um homem com tamanha grandeza considerava uma infâmia silenciar diante das graves e absurdas injustiças sociais.
Em algum dia, pelos anos iniciais da década de 1960, Oduvaldo Batista participava comigo de uma reunião para a formação das Ligas Camponesas de Santa Rita. Ouvi a sua palavra e admirei a sua retidão. Não transigia com as conveniências dos espertalhões e nem com os réprobos morais.
Sensibilizado recordo uma de suas frases de indignada força moral: “Condenável é aquele que engana o povo".
Fez-se um insubmisso diante da covardia humana. Odiava os patifes transvestidos de homens públicos. Dizia: “Esses tipos são criminosos de delitos de lesa-esperança contra o povo”.
Quando a ditadura militar de 64 desabou sobre o país lançando vinte anos de tirania, lá estava o combatente Oduvaldo Batista impávido. Não temia os circunstantes poderosos nem as circunstâncias adversas, enfrentava-os.
Como todos os idealistas, ele carregava a inquietude. Sem os idealistas, queda-se impossível a própria evolução humana. Sempre existiram idealistas na cena do mundo. São faróis que direcionam a história do homem. Oduvaldo foi um desses. Conduziu a vida enlaçado com os sentimentos do povo. Marcou a sua passagem na Terra como um destino. Jamais temeu os donos do poder, e, por fim, projetou-se muito além das questiúnculas de campanário.
Companheiros que fomos desse viandante histórico, aqui estamos ao lado de Roselis Batista, Yedo Fontes, Paula Frassinetti, Heriberto Coelho, Simão Almeida e tantos outros, para proclamar bem alto: Daremos continuidade à luta de Oduvaldo Batista.
Ele bradava: “Onde estão os verdugos, torturadores e genocidas da Ditadura Militar?” E a voz da História responde: Na lata de lixo. Esses tipos fogem da Justiça e do julgamento público, como uns cães danados.
Oduvaldo Batista nos deixou esta lição: Todo aquele que traz para a vida a força de um resistente faz a verdadeira história.

Texto de Responsabilidade de seus idealizadores.

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