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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

IDEB DO SEGUNDO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL TEM MENOR EVOLUÇÃO DESDE 2005


Índice aumentou apenas 0,1 entre 2009 e 2011; especialistas apontam a falta de políticas específicas para a etapa

Ideb do segundo ciclo do Ensino Fundamental tem menor evolução desde 2005
  
João Bittar/MEC

Mariana Mandelli
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dos anos finais do Ensino Fundamental (5º ao 9º ano) cresceu apenas 0,1 entre 2009 e 2011 – o mesmo crescimento registrado tradicionalmente pelo Ensino Médio –, atingindo 4,1. É a menor evolução desde 2005, quando começou a ser medido.
O Ideb é hoje a principal referência nacional sobre a situação da Educação no Brasil (leia mais sobre ele aqui). Os resultados mais recentes do índice, divulgados ontem pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o Ideb nacional de 2011 para essa etapa de ensino superou a meta proposta, que era de 3,9. No entanto, sete estados não atingiram as suas.
Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), afirma que os dois fatores que compõem o Ideb – a aprovação e o desempenho na Prova Brasil – apresentaram pouco ganho. “As duas grandezas estão travadas. A aprovação subiu apenas 1% entre 2009 e 2011, chegando a 83%, e as notas na avaliação aumentaram poucos pontos”, afirma.
A desaceleração do crescimento preocupa os especialistas em Educação. “Estamos andando de lado nessa etapa – não há movimento. O crescimento é marginal – temos que colocar uma lupa para identificar as melhorias”, afirma Francisco Soares, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e especialista em avaliação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo ele, o fato de o aluno passar para um ambiente escolar com vários professores e várias disciplinas, deixando para trás uma situação com um professor polivalente e uma sala com poucos alunos, pode impactar o aprendizado. “Uma boa forma de resumir isso é dizer o seguinte: o professor do primeiro ciclo dá aula para um aluno, enquanto o do segundo dá aula de uma disciplina”, diz. “Vale lembrar que hoje temos 70% dos alunos terminando o Ensino Fundamental com pouco aprendizado.”
A falta de políticas públicas específicas que mirem o alunado do 6º ao 9º ano, segundo os pesquisadores, é um dos principais entraves para o progresso dessa etapa de ensino. “É muito difícil mexer no Ensino Fundamental II. Há muita fragmentação de aulas e disciplinas e não existe iniciativa para a discussão disso”, relata Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), que tem foco de atuação no fim do Fundamental. “É um quadro comprometido, sem ações especificas há bastante tempo e que interfere diretamente no Ensino Médio.”
Segundo ela, falta observar com atenção as mudanças pelas quais passa o aluno, que entra na pré-adolescência. “É uma fase de transição social, biológica e cognitiva. Além disso, o estudante tem pouco protagonismo na escola, já que muitos valores dela estão ultrapassados para a racionabilidade e a sensibilidade dessa juventude”, afirma Amabile. 
Caminhos
Outra possível explicação para a dificuldade em avançar na segunda fase do Ensino Fundamental decorre de dificuldades no regime de colaboração entre estados e municípios: o aluno cursa os anos iniciais em escolas municipais e, ao trocar de ciclo, ingressa na rede estadual. “Essa transição pode não ser bem sucedida, porque, especialmente nas cidades menores, existe um acompanhamento melhor do aluno pela escola e pela secretaria de Educação”, explica o economista Naercio Aquino Menezes, que também é professor do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa da Faculdade de Economia e Administração da USP. “Na rede do Estado, essa proximidade diminui, porque são muitos estudantes e unidades.”
Para os especialistas, a solução para desatar o nó dos anos finais do Fundamental passa pela melhora na formação dos professores. “Nada melhorou nas faculdades que formam os docentes e isso merece atenção”, afirma Naercio Menezes. “Além disso, outras questões relativas aos professores, como mudanças salariais, estruturação de carreira e políticas de valorização do mérito, também devem ser discutidas.”
Fonte: Todos pela educação

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