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sábado, 26 de janeiro de 2013

Fracasso neoliberal: Espanha não encontra o caminho e prossegue queda


A economia espanhola completou cinco trimestres consecutivos de contração e não há sinais de que a situação se reverta no curto prazo. Por Marco Antonio Moreno.
No último trimestre de 2012, de acordo com os dados do Banco de Espanha, o retrocesso chegou a -1,7% anual. Isto confirma algo que pode parecer surpreendente: cada trimestre do atual governo tem sido pior que o anterior, um triste recorde que deixa a descoberto o absoluto falhanço dos planos de austeridade que se aplicaram com motosserra e sem nenhum critério de “reengenharia produtiva”.
Tudo isto se confirma quando vemos que a Espanha bate mês a mês novos recordes em matéria de desemprego, de queda no consumo, no investimento, nas vendas, nos créditos bancários, nos níveis de demora e endividamento. O relatório do Banco de Espanha dá conta abundante destes pontos. Como antecipamos neste post, tudo indica que a situação continuará em queda durante 2013 e, a não ser que ocorra um milagre, o PIB pode retroceder 1,5 por cento adicional, deixando a economia bem perto de um retrocesso anual do 3% para o fim do ano.
E não é para menos num país que tem 6 milhões de pessoas sem trabalho, e onde não se aplica nenhuma medida que ajude à reativação real, dado que todos os esforços se destinaram a apoiar a banca. A promessa de Mario Draghi de defender o euro ao preço que seja está a deixar claro quais são as prioridades e os custos. Por um lado, ganha a banca, com o dinheiro barato que empresta aos governos a um valor mais caro; e, pelo outro lado, gera maior pobreza e miséria. É o resultado das desvalorizações competitivas, cujo impacto atinge fortemente os salários.
Isto confirma que a recuperação da zona euro é inexistente e que o panorama europeu é extremamente débil, com vários países em recessão e a Alemanha entrando na foto pela porta traseira. Apesar da acalmia aparente que gera um prémio de risco em torno dos 350 pontos, o nervosismo dos mercados está latente: as posses estrangeiras de títulos espanhóis caíram 54% desde o seu pico, em 2010, para os 34% atuais.
Apesar de a banca pedir dinheiro emprestado ao Banco Central Europeu a uma taxa baixíssima e a compra de títulos se ter convertido num lucrativo negócio, isto não tem fortalecido a economia, dado que o dinheiro não flui para as fontes produtivas. Os investidores retêm o dinheiro e decidem apostar nos países emergentes. Isto está a gerar um problema adicional, dado que quando os bancos centrais começarem a subir a taxa de juros produzir-se-á um tsunami financeiro nestes países que acelerará a contração da economia. A queda da procura, que se vive a nível global, e a diminuição da despesa dos lares demonstra que se navega em águas turbulentas sem achar “terra à vista”. Não haverá recuperação em 2013 e será preciso esperar por 2014, se é que ainda a vamos ver.
24 de janeiro de 2013
Publicado em El Blog Salmón
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

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