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sábado, 17 de agosto de 2013

Egito: Apoiantes de Morsi vão prosseguir manifestações

Depois de uma quinta-feira de brutal repressão militar sobre os apoiantes de Mohamed Morsi no Cairo, as imagens repetiram-se na “Sexta-feira de Raiva” convocada pela Irmandade Muçulmana, com dezenas de mortos no Cairo e noutras cidades do país. Enquanto o poder militar encerrou a delegação da tv Al-Jazeera, as manifestações de apoio a Morsi estenderam-se a Istambul e Carachi.
Manifestantes pró-Morsi procuram fugir às balas lançadas pela polícia e o exército. Foto Mohamed Azazy/Flickr

O balanço de vítimas mortais dos protestos de sexta-feira ainda está por apurar, mas informações recolhidas pelas agências de notícias internacionais apontam para mais de 60 pessoas mortas, nas sua maioria metralhadas pela policia e pelo exército. A Sexta-feira de Raiva" foi convocada pela Irmandade Muçulmana após o massacre da manifestação da véspera e partiu de várias mesquitas do Cairo após a oração do meio-dia. Os manifestantes foram recebidos com balas e as cenas de batalha campal sucederam-se nas ruas da capital, ocupadas por um dispositivo militar e policial de enorme envergadura e com ordens para atirar a matar pelo segundo dia consecutivo. Centenas de manifestantes foram presos ao abrigo do estado de emergência decretado pelo atual governo.
Na sexta-feira à noite, a Irmandade Muçulmana apelou à continuação dos protestos diários em todo o país, sublinhando que deverão decorrer pacificamente até ao recuo do regime instaurado após o golpe que depôs o presidente Mohamed Morsi no mês passado. Na sexta-feira, as manifestações estenderam-se a cidades como Alexandria, Ismailia, Beni Soueif, Fayoum ou Hourghada. E o protesto contra o massacre da véspera atravessou fronteiras, com milhares de pessoas em Istambul e Carachi, as cidades mais populosas da Turquia e do Paquistão, e centenas em Amã e Cartum.
Do lado do governo, é bem visível a radicalização e endurecimento do discurso, com os seus porta-vozes a denunciarem o "plano terrorista" em marcha por parte da Irmandade Muçulmana, um discurso que recolheu apoio entusiasta por parte da monarquia saudita e dos Emiratos Árabes Unidos. À demissão do vice-presidente ElBaradei, que representava a ala liberal do golpe militar anti-Morsi, juntou-se Khaled Dawoud, um dos porta-vozes da Frente de Salvação Nacional que tomou o governo após o golpe, justificando a saída com a ausência de condenação do massacre do Cairo por parte da coligação anti-Morsi que tomou o governo.
A tensão social agravou-se com a repressão de quinta-feira e a resposta de alguns grupos foi igualmente violenta. Para além das barricadas nas ruas que marcaram o protesto, houve varios ataques a esquadras de polícia, a edifícios públicos e igrejas cristãs coptas, cujos fiéis são vistos como apoiantes do golpe que depôs Morsi. Durante os protestos desta sexta-feira, circularam nas redes sociais várias imagens com apoiantes de Morsi a fazerem um cordão de segurança à volta de uma destas igrejas, impedindo que se viessem a repetir esses ataques.
Militares silenciam Al-Jazeera, jornalistas tornam-se alvo no conflito
Na noite de quinta para sexta-feira, a polícia encerrou a sede da Al-Jazeera Mubashir, a filial egípcia da cadeia televisiva internacional. Os trabalhadores foram obrigados a sair e o canal continuou a transmitir apenas online. Tal como outras estações consideradas pró-Morsi pelos militares, a Al-Jazeera já tinha sido alvo de uma rusga policial momentos antes da deposição de Mohamed Morsi, a 3 de julho, e os equipamentos apreendidos ainda estão por devolver, acusa a estação televisiva. Um dos seus fotógrafos, Mohamed Bader, está preso desde 15 de julho sob acusação de posse de arma ilegal e não há informação sobre o paradeiro de um dos correspondentes da estação, Abdullah al-Shami, detido na quarta-feira. Outros membros da redação enfrentam acusações de ameaça à segurança nacional, devido às notícias que puseram no ar.
A morte do operador de câmara da Sky News na quinta-feira não foi a única entra jornalistas esta semana. O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) aponta para três jornalistas mortos e vários presos ou feridos durante os confrontos. Para além disso, aumentaram exponencialmente os casos de agressões e roubos de material a jornalistas, protagonizados quer pela polícia e milícias anti-Morsi, quer por apoiantes do presidente deposto. 
Na quarta-feira, o CPJ divulgou o relatório "Liberdade de imprensa em risco no Egito", apontando os falhanços da presidência de Morsi nesta matéria, bem como a censura imposta pelos militares após o golpe de julho.

Premiê interino do Egito propõe ilegalizar Irmandade Muçulmana

Voz da Rússia

O primeiro-ministro interino do Egito, Hazem Beblawi, propôs ilegalizar o movimento islâmico Irmandade Muçulmana.

"Seus ativistas ultrapassaram todos os limites admissíveis de protestos de rua, colocando em risco a segurança pública", disse o assessor de imprensa do gabinete, Sherif Shoki.

Ele informou que o premiê encarregou um número de ministros de preparar a base jurídica necessária para a dissolução da Irmandade Muçulmana.


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