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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Monumentos históricos e culturais sírios sob ameaça de destruição

Mesquita de Omayad, minarete, aleppo, síria, unesco, patrimônio mundial
Mesquita de Omayad  © en.wikipedia.org/yeowatzup /cc-by


Os monumentos do Patrimônio Mundial da UNESCO situados na Síria correm o perigo de destruição por causa da guerra civil nesse país. Seis deles foram recentemente incluídos na lista de locais realmente ameaçados, entre os quais as cidades antigas de Damasco e Aleppo. Trata-se de urbes cujas primeiras referências históricas remontam ao terceiro milênio antes de Cristo. O mesmo pode ocorrer à parte antiga de Bosra, construída em basalto, bem como a Palmira, uma das “pérolas” da antiguidade.


A diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, lançou há dias um apelo à proteção do legado cultural na Síria. “Todas as partes interessadas têm de tomar medidas a fim de prevenir danos do patrimônio mais valioso do mundo islâmico”, anunciou, prometendo enviar para o país, após a cessação do conflito, um grupo de peritos que possam avaliar o volume dos danos causados.

Em que estado é que se encontram agora os monumentos da UNESCO e que passos pretende esta instituição internacional empreender para a sua conservação? Sobre este e outros assuntos se debruçou, em entrevista exclusiva à Voz da Rússia, Karim Hendili, membro do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO.

“Neste momento, a cidade mais destruída é Aleppo, que virou palco de combates muito duros. A sua situação geográfica favorável que a transformou em tempos num importante pólo econômico e estratégico da Síria prestou-lhe um mau serviço durante esta guerra. Foram causados sérios danos à antiga fortaleza, erguida no século X. O mercado coberto de Souk al-Medina, onde deflagrou um incêndio de grandes proporções, foi praticamente destruído. Foi igualmente desmantelado o minarete da mesquita de Omayad, uma das mais antigas no mundo. Estes e outros exemplos podem ser citados para formar um juízo objetivo sobre a triste situação que se vive agora na Síria em termos histórico-culturais. As fotos que recebemos, tiradas nos locais de combates, comprovam que a situação é realmente catastrófica nesse sentido. 

Quando a guerra chegar ao fim, há que se fazer um trabalho colossal para reabilitar esses monumentos que estão sofrendo danos também por outras razões. Os saqueadores, que têm vindo a intensificar a sua atividade criminosa devido à guerra, procuram fazer escavações ilegítimas, sobretudo, no norte da Síria. Os bens saqueados se vendem no estrangeiro devido ao fraco controle fronteiriço.”

A situação podia ter sido pior ainda, se os peritos da UNESCO não tivessem chamado atenção para este problema pendente, realçou Karim Hendili:

“A UNESCO alertou para tal perigo ainda em 2011, nos alvores do conflito armado. Temos envidado esforços para inverter a situação atual. Em fevereiro do ano em curso, a Jordânia acolheu uma reunião internacional, sob os auspícios da UNESCO, dedicada essencialmente ao tráfico ilícito de objetos culturais de elevado valor artístico. No simpósio participaram altos funcionários da polícia e dos serviços alfandegários regionais, que anuíram em intensificar a troca de informações sobre esta questão candente. A pedido da UNESCO, a Interpol, a Organização Mundial das Alfândegas e algumas entidades ligadas ao mercado de valores culturais aderiram a esta importante iniciativa.

Este trabalho tem dado frutos por termos conseguido apreender, em várias partes do mundo, os artefatos roubados s na Síria.“

Finalizando a entrevista, Karim Hendili, salientou que a lista de edifícios e centros histórico-culturais em perigo na Síria não se limita aos seis monumentos incluídos pela UNESCO na lista do Patrimônio Mundial.
“A Síria conta com mais de 10 mil monumentos de grande valor histórico e científico. Cabe-nos a nós preservá-los, sendo essa a nossa tarefa comum”.

Viktor Cheburashkin - Voz da Rússia

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