Liberalismo puro - Blog A CRÍTICA

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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Liberalismo puro

O Jurista Ruy Barbosa era um liberal convicto, ao ser Ministro da Fazenda no primeiro governo da República, o governo provisório do Merechal Deodoro da Fonseca, quis industrializar o Brasil; claro, Ruy era um intelectual brilhante e conhecedor das peculiaridades do país; para tanto intentou que era preciso fazer isso a partir do mercado cambial. Funcionaria da forma como havia sido na Inglaterra, França, Alemanha ou Japão, onde a emissão de debêntures (Títulos Públicos) por parte do próprio Estado em alguns casos, em outros a venda de ações, fazia com que houvesse capital suficiente para empreendimentos industrializantes.

No entanto Ruy não atentara para uma peculiaridade, é que os defensores supremos do liberalismo naquele final de século XIX, Inglaterra principalmente, somente defendiam o liberalismo depois de terem alcançado alto grau de industrialização e amadurecimento capitalista da sua economia; isso é o que nos diz o importante economista político Webberiano, morto ano passado, David Landes.

Ruy Barbosa quis aplicar o liberalismo genuíno em um país cheio de peculiaridades, sem o "espírito capitalista, e sob o domínio do seu patriciado rural, o que desbancou na figura histórica do "Encilhamento", em virtude da elevadíssima presença de debêntures "sem fundos" emitidas por quem queria levantar dinheiro mas não investir em nada.

Agora surge o chamado Partido Novo pregando uma volta ao liberalismo, acreditando nas forças ocultas do mercado para fazer o Brasil seguir um rumo de progresso. Nos anos da Ditadura Militar, segundo estudos de Eric Toussanint, houve uma forte intervenção da Escola de Chicago nos rumos econômicos do país e até hoje estamos no atraso.

O livro mais comentado no Momento, de Thomas Piketty, trata justamente de informar a concentração de renda que passou a aumentar nas últimas décadas  em virtude da virada neoliberal. O Economista político espanhol Vicenç Navarro acredita que a falta de investimento público no seu país e a queda dos impostos sobre rendimentos dos ricos foram a causa da profunda crise na economia espanhola. Para Navarro os cortes feitos pela Troika são uma contradição, para ele a crise deve-se ao crescimento dos rendimentos do capital em decorrência da queda das rendas do mundo do trabalho, ou seja, nada a ver com os gasto sociais dos governos.

Um comentário:

  1. Liberalismo puro seria anarco-capitalismo, ou seja, a ausência de fato do Estado. Mas isso não é muito factível e o NOVO não o defende.

    Ruy Barbosa era socialmente e politicamente liberal, defendendo vigorosamente a abolição da escravatura e a abertura política, mas nunca foi economicamente liberal, uma vez que nem de economia entendia e sua política prática o denuncia.

    A Escola de Chicago pode ter influenciado o brasil no governo militar, mas lembre-se de que Escola de Chicago não significa Milton Friedman. Há muitos ideais antiliberais nela. Friedman era o mais liberal dela, mas também é longe do que representa a Escola Austríaca, por exemplo. Ainda sim, não creio que foi a base do regime. Houve uma intervenção maciça nos preços, estatais, monopólios, nacionalismo, impostos, regulações, etc. Entre Geisel e Dilma, há apenas a postura diferente, porque suas políticas econômicas são idênticas, por exemplo.

    Em relação ao último, crises ocorrem devido ao setor bancário, praticamente sem exceção. A Europa expandia o cr
    édito como um porco rosnava e uma hora a conta chegou. Se fossem só os impostos altos, estariam tão bem quanto a Suíça, o problema é que era dinheiro inexistente que os PIIGs, principalmente, adoravam sugar. Estão sofrendo com deflação monetária e, consequentemente, tudo cai, incluindo salários, mas não em alguns países onde há controle sobre este preço, onde os salários se mantêm e o desemprego é inevitável. Se aceitar uma aprofundação austríaca do assunto, leia "A Tragédia do Euro", do Philipp Bagus.

    Abraços!

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