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sábado, 26 de julho de 2014

O que dizer do empresariado do "Forró Eletrônico"?

Essa ligação da arte com a Indústria Capitalista moderna parece ser incompatível, na realidade a mercadoria passa a ocupar o lugar da arte, esta desaparece no seu sentido mais puro; no entanto não morre, apenas os meios a tem jogado para último plano; a arte se torna resistência e pode se utilizar da força dos meios para fazer sua crítica.

Na sociedade de massas houve essa compatibilidade, ou talvez tenha sido um primeiro estágio antes daquilo que ocorrera nos anos 1990, por exemplo, com o jazz e com a Bossa Nova; esses tipos de música não eram feitas para serem mera brevidade vendável, mas ocupavam as mídias, muitas vezes cumprindo com mais vigor um papel político-social. No Brasil os festivais de música da TV Record trouxeram a cena aquela Geração de Chico Buarque, Geraldo Vandré e tantos outros.

No Nordeste de Hoje o circuito do Forró Eletrônico é um lobby empresarial diferenciado. Gonzaga vendia, já fora um artista com gravadoras, mas sobressaía o artista, a criação importava, o clima era outro. O típico empresário atual desse ramo é um sujeito que ostenta, próximo dos fabricantes e distribuidores de bebidas alcoólicas; repare a ligação íntima entre a Bandas e as gírias disseminadas acerca do consumo de álcool, existem expresões repetidas nesse circuito de produtos como: "Vodka Slova - Mistura que eu gosto", Pitú - Mania de Brasileiro",  etc. Esses sujeitos se tornam "barões" de bandas e eventos com uma linguagem típica, arte aqui não tem interesse algum.

Esses "mecenas" dominam o senso comum. São pessoas com poder de mídia, muitas vezes têm programas nas rádios ou financiam a programação, a TV Diário de Fortaleza tem uma programação recheada com essas bandas; outros são aliados de ou até mesmo "políticos" que usam as prefeituras para realizarem eventos, as festas de padroeiro, vaquejadas se tornam um circuito permanente de shows, nas cidades a passagem de ônibus estilizados é rotineira. Existe uma formação permanente de novos grupos, todos com o mesmo "roteiro", não precisa criar nada. Os "sucessos" são instantâneos, é preciso "criar" interminavelmente, o que não é difícil em vista de não precisar profundidade criativa.

Uma mistura de libido, álcool, e dominação midiática. Não se pode esquecer dos acidentes vitimando principalmente jovens motociclistas que se deslocam para os shows frequentemente. Chamar de forró é contestado por muitos, evidentemente que as raízes estão lá mesmo, mas é preciso entender os processos pelos quias passara a sociedade rural e cultural para uma sociedade urbana, com influência global; a música "influente" no Mundo Ocidental todo se degenerara de forma inimaginável a partir da década de 1990, se fazendo pensar que é o que resta, mas a arte precisa ser reinventada sempre.

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