João Stédile (líder nacional do MST): A espoliação dos camponeses tem raízes desde o período
colonial.
Agassiz Almeida: Viver é o constante encontro e desencontro com os
homens e as circunstâncias.
Luiz Couto: O latifúndio fez do Brasil capitanias hereditárias.
Organizado pelo Memorial
das Ligas Camponesas de Sapé, e com apoio de universidades, sindicatos,
entidades defensoras dos direitos humanos, realizou-se em Barra de Antas, Sapé,
Paraíba, há poucos dias, evento comemorativo pelo transcurso dos 90 anos da líder
camponesa Elizabeth Teixeira, viúva de João Pedro Teixeira, assassinado em
abril de 1962.
Vindos das
mais variadas regiões do Nordeste, camponeses e líderes sindicais se deslocaram
a fim de homenagear Elizabeth Teixeira, símbolo da luta pela reforma agrária no
país. Personagens históricos das lutas camponesas estiveram presentes, entre
eles, João Stédile, líder nacional do MST, deputado federal Luiz Couto,
ex-deputado federal constituinte Agassiz Almeida, deputado Frei Anastácio,
Edival Cajá e Anacleto Julião.
As
comemorações iniciaram-se com o coral da UFPB cantando, sob a batuta do maestro
Geraldo Menucci, o hino das Ligas Camponesas, com letra de Francisco Julião,
acompanhado pela Orquestra Santa Cecília, de Sapé.
Antônio
Alberto Pereira, um dos coordenadores do evento e professor na UFPB disse: Neste momento, vamos demonstrar a nossa
gratidão por todos os que lutaram pela reforma agrária.
Oradores marcados
por suas lutas em defesa dos camponeses e dos direitos humanos discursaram. João
Stédile disse: A luta pela reforma
agrária teve nas ligas camponesas lições de coerência e resistência, tão bem
personificadas em João Pedro Teixeira ,
Pedro Fazendeiro, Francisco Julião, Nego Fuba e Elizabeth Teixeira.
Luiz Couto, usando
da palavra, acentuou: Desde o período colonial
que o latifúndio fez verdadeiros feudos, através de ocupações de vastas
extensões de terra. A nossa luta simbolizada em Elizabeth Teixeira
é contra a opressão que esmaga os camponeses do país.
O deputado Frei
Anastácio, um vigilante lutador pelos camponeses, ressaltou: Desde os meus anos de mocidade estou incorporado
nas lutas dos camponeses. Elizabeth Teixeira, como tantos outros vultos que
marcaram a nossa recente história, dentre eles Dom Helder Câmara, Dom José
Maria Pires, Gregório Bezerra, Agassiz Almeida, Francisco Julião, João Pedro
Teixeira e Pedro Fazendeiro deixaram os seus exemplos de dedicação à causa
camponesa, e recentemente este imbatível lutador João Stédile.
Encerrando,
discursou o ex-deputado federal constituinte Agassiz Almeida: Companheira Elizabeth Teixeira, em nome dos
resistentes e sofridos camponeses, ofereço esta lembrança emoldurada em madeira
do Cristo Crucificado. Dele se irradia a luz da verdade para a consciência dos
justos e dos homens que labutam nos campos.
Sob esta visão temos abraçado a causa que
possibilita aos camponeses o imperativo direito de um pedaço de terra para
trabalhar.
Desde o final da década de 1950, como
deputado estadual, assumi a causa da luta pela reforma agrária. No trágico 2 de
abril de 1952, as garras do latifúndio assassinaram João Pedro Teixeira; no dia
seguinte, requeri CPI a fim de apurar os mandantes e executores do traiçoeiro
crime. O golpe militar de 64 libertou e escancarou o poder aos covardes homicidas
do imolado líder pela causa agrária, João Pedro Teixeira.
Neste momento, valente Elizabeth Teixeira,
os teus anos se confraternizam com o hoje e o passado e bradam: marchemos para
o futuro sem temer quaisquer desafios.
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