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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Documentário realizado pelo MAB aponta impactos de barragem projetada como solução hídrica no RJ

Com lançamento online marcado para a próxima terça-feira (10), o documentário “Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado” retrata contradições no projeto de construção de barragem no rio Guapiaçu (RJ)

Em meio à falta d’agua que assola toda a região sudeste do Brasil, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) lançará, na próxima terça-feira (10), às 11 horas, o documentário “Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado”, através de evento no facebook

Construído coletivamente por integrantes do MAB, o média-metragem retrata o drama da população de Cachoeiras de Macacu, município localizado a 100 quilômetros do Rio de Janeiro, diante do projeto de barragem proposto para o rio Guapiaçu. Apontada como solução hídrica para o estado, a barragem poderá atingir diretamente mais de três mil pessoas e afetar uma cadeia produtiva de aproximadamente 15 mil trabalhadores, que gera anualmente R$ 100 milhões. A região movimenta uma produção diária de 55 toneladas de alimentos, liderando o plantio de aipim e milho, produtos destinados principalmente ao consumo da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo a proponente da obra, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a água desviada pela represa supriria a demanda do sistema Imunana-Laranjal, que abastece a região leste metropolitana do Rio de Janeiro.

Entretanto, diversas irregularidades no processo de licenciamento foram apontadas por organizações e entidades da sociedade civil. Segundo a Associação de Geógrafos Brasileiros, existe uma irregularidade jurídica no próprio papel exercido pela Secretaria de Meio Ambiente, que ao mesmo tempo é proponente e avaliadora do projeto.

Além disso, a organização aponta irregularidades nos decretos expropriatórios das áreas possivelmente atingidas pelo lago da barragem, publicados antes de um parecer oficial do Instituto Estadual do Ambiente, órgão responsável pelo licenciamento ambiental no Rio de Janeiro.

E, ainda, os decretos preveem indenizações de apenas cinco mil reais para cada hectare de terra desapropriado, valor muito inferior ao preço de mercado. Como a região é formada por pequenas propriedades, que variam entre três e quatro hectares, os valores de indenização para cada família ficaria entre 15 e 20 mil reais, o que impossibilitaria a compra de qualquer imóvel ou terra em localidade próxima à cidade.

Para o integrante da coordenação nacional do MAB, Leonardo Maggi, o governo do Rio de Janeiro escolheu a pior alternativa para o combate à crise da água. “Ao invés de investir na preservação do rio Guapiaçu e na recuperação da bacia hidrográfica da região, o governo preferiu o caminho mais fácil: construir uma barragem e penalizar a população mais vulnerável. Mas nós não perdemos a esperança e vamos continuar lutando”, afirmou.

Com pré-estreia nesta sexta-feira (06) em Cachoeiras de Macacu, a exibição será feita para os atingidos que contribuíram com todo o processo de elaboração e produção do documentário. Já na próxima terça-feira (10), às 11 horas, o lançamento oficial online será feito por meio do site e das redes sociais do MAB. No mês de março estão programadas exibições em escolas estaduais da região e universidades.


Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado
Um filme de: Bruno Ferrari, Guilherme Weimann e Vinicius Denadai
Realização: Movimento dos Atingidos por Barragens
Trilha Sonora Original: Moura e Jairo Crespo de Alancântara
Duração: aproximadamente 23 min
Legendas: Português, Espanhol e Inglês

DO MAB

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