Geralmente, considera-se pessoa medíocre aquela que não manifesta virtude, capacidade ou comportamento que a distinga da maioria. A pessoa medíocre não se salienta: nem na esfera dos dons intelectuais nem no âmbito dos dons morais. Pessoa medíocre não alimenta ideais nem faz projetos úteis a si mesma ou ao próximo ou à comunidade. Ela vive satisfeita com estas suas limitações, com sua ambição acanhada; tranquila com sua ignorância sobre assuntos que lhe dizem respeito ou que interessam à sua comunidade.
A maioria das pessoas não é medíocre. No entanto a mediocridade pode afetar toda uma pequena comunidade. Para tanto basta que toda ela se deixe conduzir por uma liderança medíocre.
Ninguém é medíocre em todos os aspectos possíveis. Pessoa inteiramente medíocre talvez não exista. Mas pode ocorrer que, numa comunidade, a maioria seja medíocre num determinado aspecto: em conhecimento sobre política ou sobre religião – por exemplo.
A deficiente alfabetização gera, na comunidade que a sofra, um estado comum de mediocridade no que tange cultura geral - e não só! Alfabetização deficiente é a mais fértil semente da mediocridade. Dela vêm a pouca instrução, o mau desempenho profissional, a incompetência administrativa e – o que é gravíssimo – pouca clareza na distinção entre certo e errado nas opções de natureza moral.
Seria muito útil que alguém, dotado de conhecimentos e de paciência típica do pesquisador científico, se entregasse ao estudo das diversas fontes da mediocridade. É que, conhecidas todas essas fontes, seria mais fácil diminuir a mediocridade neste nosso belo planeta.
A pessoa medíocre não se reconhece como tal. Ela sobrevaloriza-se. E é por esta atitude que a ignorância conduz à mediocridade. Ignorância existe em todas as pessoas; dela ninguém escapa. Mas pessoa de bom-senso não esconde suas limitações cognitivas: quando sabe, mostra que sabe; quando ignora, não esconde sua ignorância. Ao contrário, o medíocre tende a esconder sua falta de conhecimento ou de habilidade, para parecer o que não é.
Não é fácil tratar com pessoas medíocres. É difícil gostar de sua presença e de seu convívio. Mas é impossível evitá-lo. Que fazer, então?! Seguir uma preciosa orientação dada por Goethe: “Se tratarmos as pessoas como elas são, tornamo-las piores; se as tratarmos como elas deveriam ser, podemos torná-las melhores.”
Filósofo Armindo Moreira- Autor do livro PROFESSOR NÃO É EDUCADOR.
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