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sexta-feira, 6 de março de 2015

Tudo no fanático é a doutrina

Luiz Rodrigues - Editor

O que faz o fanatismo é a confiança inabalável na sua doutrina, o fanático adéqua qualquer fato da vida aos ensinamentos do mestre que ultrapassam qualquer reflexão racional. Com ensina Morin, a diferença entre a doutrina e a teoria é que a primeira não aceita ser refutada nem muito menos superada, pelo contrário, tenda a englobar o todo, já a teoria é aberta.

A luta entre o marxismo e o reacionarismo americano é o digladiar dos cegos e esse discurso está sendo forçado no Brasil, por trás do manto do Estado Democrático de Direito. O debate horizontal típico da rede saiu um pouco da lina de frente e foi substituído pelo fechamento dos dois lados.

O erro e a ilusão do conhecimento é que ele pode formar as conclusões a partir do que já queria que fosse conclusão previamente, o fanatismo exacerba isso; o fanático engloba qualquer situação "favorável" do "outro lado" como a prova definitiva que a doutrina está correta, aliás, nem há essa reflexão, é automático. O fanático não vê a cegueira em si, apenas nos outros.

Os tempos menos fanáticos são os onde prevalece a democracia e á razão aberta para o diálogo e onde as doutrinas não monopolizam o pensamento. Lembro o fato de quando as forças fascistas do general Franco tomavam o poder na Espanha e a Universidade de Salamanca era dirigida pela reitoria do Filósofo Miguel de Unamuno e ocorria o Festival da Raça Espanhola; se gritava Viva a morte. O general Astray gritou “Muera la inteligência! Viva la muerte!”, diante de um comentário de Unamuno. Falangistas sacaram pistolas e o guarda-costas de Millán Astray apontou sua submetralhadora para a cabeça de Unamuno. Mesmo assim, o filósofo reagiu: “Este é o templo do intelecto e sou eu o sumo sacerdote. É o senhor que profana este recinto sagrado. O senhor vencerá, porque tem força bruta mais que suficiente. Mas não convencerá. Pois para convencer precisará do que lhe falta: a razão e o direito em sua luta. Considero inútil exortar o senhor a pensar na Espanha”.

Pouco tempo depois Unamuno "apareceu" morto na prisão.

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