Agência da ONU afirma que próximo objetivo é a erradicação da fome
global; relatório mostra que progresso foi mais alto em países em
desenvolvimento; Brasil atingiu metas de desenvolvimento do milênio.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO,
anunciou esta quarta-feira que o número de pessoas com fome no mundo
caiu para 795 milhões. Em 1990 eram mais de 1 bilhão de famintos.
A FAO afirma que o próximo objetivo é a erradicação da fome. Segundo o
relatório o "Estado da Insegurança Alimentar 2015", nos países em
desenvolvimento a prevalência da desnutrição sofreu uma redução de 23,3%
há 25 anos para 12,9% agora.
Progresso Mais Lento
A prevalência da desnutrição mede a proporção de pessoas sem
condições de consumir comida suficiente para manter uma vida ativa e
saudável.
Em Roma, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva falou sobre o relatório.
"Continuamos progredindo, mas o progresso é mais lento. A lentidão se
deve ao fato de a crise ter atingido os países em desenvolvimento,
particularmente os Brics. (grupo do qual o Brasil faz parte) Agora se vê
mais claramente uma tendência que já se delineava antes com alguns
bolsões de fome num mundo que caminha para a erradicação da fome. Nós
temos algumas regiões que definitivamente ficaram para trás, Ásia do
oeste, basicamente os países que estão em conflito e a África central,
Subsaariana".
Graziano da Silva disse ainda que o mundo pode erradicar a fome até a
metade desse século. Segundo ele, "há alimento demais, é um problema de
acesso aos mais pobres".
Brasil
O documento mostra que o Brasil atingiu tanto os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, ODMs, como os da Conferência Mundial de
Alimentos.
Eles determinam a redução pela metade dos índices de pessoas que
passam fome em comparação com os dados registrados em 1990, sendo que as
metas da Conferência Mundial têm como foco os números absolutos da
população e não apenas a porcentagem.
A FAO diz que atualmente menos de 5% da população brasileira está
desnutrida, em 1990 eram 14,8%. Em números absolutos, houve uma redução
de mais de 22 milhões para menos de 10 milhões agora.
De Lisboa, o representante da FAO junto à Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa, Cplp, Hélder Muteia, falou à Rádio ONU sobre o
desempenho do Brasil e de outros países lusófonos.
"O Brasil foi naturalmente um dos países que melhor resultado
alcançou comparado aos países desenvolvidos com vista à segurança
alimentar. Mas também temos outros países como Angola e São Tomé e
Príncipe que deram saltos quantitativos e qualitativos muito
significativos. E temos outros países como Moçambique, Cabo Verde e
Timor-Leste que de um modo global estão perto ou já alcançaram as metas
do milênio."
Progresso Prejudicado
O relatório afirma que 72 dos 129 países monitorados pela agência da
ONU alcançaram os ODMs, com as regiões em desenvolvimento registrando
bons desempenhos.
Ele revela ainda que o progresso em direção às metas de segurança
alimentar foi prejudicado nos últimos anos por vários desafios
econômicos globais.
O documento cita que condições climáticas extremas, desastres
naturais, instabilidade política e guerra civil também ajudaram a
impedir o avanço.
A FAO diz que além desses desafios, a população global aumentou 1,9
bilhão entre 1990 e 2015, o que dificultou ainda mais a tarefa de
reduzir o número de pessoas que passam fome.
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