A catástrofe climática, que atinge uma vasta área do planeta, é a
principal responsável por esta onda de calor, que já está a tornar-se
norma nos verões asiáticos. Condições sub-humanas de trabalho estão na
origem de muitas mortes.
Por Tomi Mori.
A onda de calor que se abate sobre
a Índia deixou mais de 800 mortos apenas em dois estados, Andra Pradesh
e Telangana, nos últimos dias. Segundo as autoridades, a maioria são
trabalhadores. Um comunicado oficial informa que durante a última semana
morreram em Andra Pradesh 551 pessoas e em Telangana 221. Somadas às 50
mortes ocorridas na terça-feira, são mais de 800 mortos pela onda de
calor somente nesses dois estados.
Os termometros têm marcado temperaturas literalmente infernais, com a
maioria dos estados a passar dos 40 graus, e muitos entre 45 e 48
graus. Na última sexta-feira, Telangana registou 48 graus. Em várias
áreas, a onda de calor tem apresentado números recorde.
Segundo o Times of India, só no domingo
morreram 165 pessoas nestes dois estados. Não existe nenhuma estatística
nacional, mas, por esses números, sabemos que as mortes são bem mais
numerosas, já que, provavelmente, as mortes ocorreram em todos os
estados.
Condições de trabalho sub-humanas
O facto de a maioria dos mortos serem trabalhadores indica que esses,
devido à miséria em que vivem, são obrigados a trabalhar em condições
sub-humanas, morrendo pura e simplesmente de desidratação durante a
jornada de trabalho.
A catástrofe climática, que atinge uma vasta área do planeta, com as
alterações climáticas, é a principal responsável por esta onda de calor,
que já está a tornar-se norma nos verões asiáticos. No ano passado,
segundo as autoridades, a onda de calor deixou 447 mortos na Índia.
Regiões montanhosas como Mussoorie também têm vivido uma temperatura
incomum nas cidades do país, com o termómetro a chegar aos 36 graus.
Isso tem obrigado a população a procurar ventiladores e
ar-condicionados, coisas raras na região.
O The Hindu, para ilustrar a situação, publicou a foto de um
jovem chimpanzé, do zoológico de Kolkata, que estaria com dificuldades
de caminhar sobre o cimento da sua jaula aberta. Indo por esse caminho,
parece não estar longe o dia em que os animais domésticos e de estimação
terão de usar sapatos ou mesmo botas para poderem caminhar.
Crise energética e hídrica
A onda de calor tem provocado a alta dos alimentos e também a crise energética e hídrica. Segundo o Times of India,
“Maharir Mahto, residente de Nawadish, afirmou que tem de viajar 3
quilómetros para buscar água e que as bombas manuais dos poços do seu
vilarejo estão mortas e os lagos estão secos. À falta de água soma-se,
assim, a já constante falta de energia que afeta o local.
Segundo publicou, recentemente, o inglês The Guardian, a
seca fez cair 40% das exportações de café do Vietname, que é o segundo
exportador mundial. De acordo com um pequeno agricultor, Nguyen Van
Viet,“Esta é a pior seca que vi numa década. Algumas pessoas não têm
água suficiente para beber.” A situação vivida por Viet é compartilhada
por alguns milhões de camponeses do país. Com a seca, alem da perda da
colheita, os cafezais também secaram. Isso irá provocar,
inevitavelmente, a partir do próximo ano, a falta de rendimentos para
esses agricultores cujos cafezais morreram.
À situação da Índia e do Vietname, soma-se, assim, a seca já vivida
em países como Taiwan e Filipinas, e que, certamente, tem afetado outras
áreas da Ásia.
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