“You can see the computer age everywhere except in the productivity statistics.”
(Robert Solow, 1987)
A produtividade é um jargão econômico associado à eficiência e, em geral, o crescimento continuado da produtividade é o motor que leva a padrões de vida mais elevados. Rotineiramente, a produtividade está associada aos avanços tecnológicos (a máquina a vapor, a eletricidade, o telefone, a Internet), aos níveis de concorrência (empresas mais fortes deslocam rivais mais fracas) e aos trabalhadores mais educados (podendo lidar com tarefas mais complexas).
O relatório “The Future of Productivity” (2015) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a produtividade diminuiu na maioria dos países da OCDE, mesmo antes da crise. A redução da acumulação de capital baseada no conhecimento e o declínio das empresas tipo start-ups contribuíram para a desaceleração estrutural no crescimento da produtividade.
O relatório faz um recorte a partir de três tipos de empresas: 1) as empresas globalmente mais produtivos, 2) as empresas mais avançadas a nível nacional e 3) as empresas retardatárias. O crescimento da produtividade das primeiras permaneceu relativamente robusto no século 21, apesar da desaceleração no crescimento médio da produtividade. Por exemplo, a produtividade do trabalho nas empresas globais aumentou a uma taxa média anual de 3,5% na indústria de transformação ao longo dos anos 2000, em comparação com um crescimento médio da produtividade do trabalho de apenas 0,5% para as empresas retardatárias, sendo que esta lacuna é ainda mais pronunciada no setor de serviços.
Porém, a desaceleração é geral e o fosso de produtividade entre os diferentes tipos de empresas pode prejudicar o desempenho econômico dos países da OCDE. O relatório indica uma série de políticas para sustentar o crescimento da produtividade, tais como a melhoria no financiamento público para a pesquisa básica, um ambiente de negócios competitivo e aberto, políticas de inovação tecnológica, etc.
No período 1950-1972 a produtividade do trabalho crescia a uma taxa anual de 7% no Japão, a 5,5% na Alemanha e 5% na França, caindo para menos de 1% nos três países entre 2004 e 2013. Na Itália a queda foi maior, passando de 5,5% para praticamente zero no mesmo período.
Nos Estados Unidos, a produtividade do trabalho caiu de 2,3% entre 1948-2007 para 0,7% depois de 2010. O menor crescimento da produtividade significa menor crescimento econômico, padrão de vida estagnado e déficits públicos diante do descompasso entre as despesas e as receitas públicas. Alguns economistas – como Robert Gordon, da Universidade Northwestern e Tyler Cowen da George Mason University – atribuem a queda de produtividade a um declínio na inovação tecnológica. os ganhos de produtividade da Internet não estão sendo suficientes para elevar a produtividade geral.
O estudo da OCDE considera que o processo de inovação continua forte em empresas avançadas, mas há um abrandamento do ritmo em que as inovações se espalham por toda a economia. A queda nas taxas de investimento é sem dúvida um dos motivos da menor produtividade. O perigo é o mundo todo entrar em um círculo vicioso, com a baixa produtividade reduzindo as taxas de investimento e inovação e os menores investimentos contribuindo para a estagnação da produtividade.
Referência:
The Future of Productivity – Preliminary Version © OECD 2015
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, 15/01/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário