Encerrou-se a poucos dias o 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, ocasião em que foi lançado o desafio de tornar a China um país plenamente desenvolvido e moderno até 2049, quando comemorar-se-á o centenário da Revolução Comunista Chinesa, que pôs fim não só ao regime títere do Kuomintang e à oligarquia agrária, mas também a 150 anos de humilhações impostas pelo Ocidente àquele país.
A China era, até fins do século XVIII, não só a nação mais populosa do planeta, mas também a economia mais forte. O advento e consolidação do capitalismo na Europa, na virada do século XVIII para o XIX, levaram os emergentes imperialismos britânico e francês (seguidos, no final do século XIX, também pelos imperialismos alemão, norte-americano e japonês) a subjugarem os chineses, ocupando suas principais cidades e controlando seu comércio exterior. A Revolução de 1949 não só expulsou a oligarquia agrária, como também restabeleceu o controle chinês sobre seu território (exceto Hong Kong, incorporada em 1997).
Passados 68 anos a China tornou-se a segunda maior economia do planeta, suplantando recentemente as economias japonesa e alemã. Já é a maior nação industrial do mundo e seu comércio exterior é 50% maior que o norte-americano. Estima-se que em dez anos superará a economia norte-americana e, em 2049, sua economia será duas vezes maior que a dos EUA.
A influência econômica e cultural chinesa é hegemônica em toda a Ásia Oriental e Central, e sua influência econômica já se estende à África e à América Latina. O plano da “Nova Rota da Seda” compreende investimentos de dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura em dezenas de países. O poderio militar chinês ainda é inferior ao dos EUA e da Rússia, mas se aproxima de ambos de forma acelerada. Os estrategistas norte-americanos assistem perplexos ao avanço chinês. Se o século XIX foi britânico e o século XX foi norte-americano, o século XXI será, indubitavelmente, o século chinês.
Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia
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