Há quem infantilmente confunda um governo de autoridade com um governo feito à medida de um sub-chefe de esquadra. Perdi, literalmente, duas horas a ouvir meia dúzia de entrevistas e discursos de Bolsonaro, candidato à presidência do Brasil. Não compreendo, sinceramente, como pode a maior potência do hemisfério sul e sexta economia mundial contentar-se com um homem semi-analfabeto e sem qualquer projecto, para além de desbocamentos de mesa de café. Para Bolsonaro, o Brasil precisa de autoridade. Muito bem, mas que autoridade? Limita-se a prometer repressão, prisões e mão forte, mas sem jamais se interrogar sobre as causas do caos, da violência e da criminalidade a que está exposta aquela população entregue à rapina de uma elite sôfrega e aos pilantrinhas e trombadinhas que descem diariamente das favelas para a safra de cordões e carteiras.
Dizem os seus adversários que Bolsonaro quer uma ditadura. Ora, sejamos francos, pois há boas e más ditaduras, sendo que as primeiras surgem da necessidade de operar grandes reformas económicas, sociais e educativas que de outra forma não se poderiam realizar. Entre estas boas ditaduras lembro Getúlio, esse grande estadista que reinventou o Brasil e lhe assegurou vinte anos de paz, progresso, justiça social e respeito internacional. Getúlio tinha uma ideia do Brasil, um programa e um rumo. Bolsonaro quer repressão. É uma mão sem cérebro.
É evidente que depois de Lula e da patética Dilma - que afinal não era corrupta, mas tão somente idiota - o Brasil precisa urgentemente de um sinal que lhe aponte um rumo. Infelizmente, este Bolsonaro promete-lhe apenas o porrete dos proprietários contra o canivete do povo de pé-rapado.
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