Um fato extremamente significativo ocorrido no desenrolar da conjuntura deste pleito eleitoral foi o rompimento do Livres com o Partido Social Liberal (PSL), fato apenas noticiado, mas pouco explorado pelos cientistas políticos até aqui. O PSL era um dos muitos partidos "nanicos" do Brasil, repleto de diretórios regionais que nada tinham a ver com o seu programa central. Depois do que aconteceu em Junho de 2013, onde houve a fratura da hegemonia discursiva de esquerda-liberalista, o PSL entrou num processo de transformação em que passaria a se chamar LIVRES, ainda em conformidade com um novo momento em que os partidos adotam palavras ao invés de siglas.
No pós 2013 surgiu espaço para direita "assumida"; um confronto do discurso da política pública pra tudo com o discurso da produção de riquezas no mundo empresarial, o que foi extremamente saudável para uma democracia, mas toda transição sofre de contradições. O problema é que havia uma eleição no meio, e o LIVRES não tinha condições de se fazer competitivo no processo eleitoral, não ganha eleição quem explica muito, pra ganhar é preciso criar uma imagem em cima de figuras discursivas. A massa eleitoral confrontada com o rebanho petista precisava de um ícone tosco, como o outro sebastianista, para se inserir no jogo eleitoral; os apelos de 2013, embriagados pela proximidade histórica se renderam à uma farsa.
O pensamento liberal adentrou ao Brasil desde seu nascedouro com o iluminismo, no século XVIII, no entanto o liberalismo no Brasil nunca conseguiu ultrapassar realidades sócio-culturais e históricas do Brasil; nunca conseguiu contornar a distinção entre a lei do Estado e o mando de gente poderosa, nunca conseguiu repelir os caudilhismos autoritários, tinha liberais juntos dos ditadores de 1964 e liberais no Estado Novo getulista. Getúlio fingiu-se de liberal em 1930 para derrotar as oligarquias da República Velha, que embora não interviessem na economia era um ajuntamento de chefes eleitorais que mantinham o domínio político às custas do mandonismo violento e do clientelismo.
Como Getúlio em 1930, só que muito menos talentoso, beirando um jumento com máscara, um ex-militar caricato, seguindo à risca durante toda a sua vida política um florianismo (jacobinismo militar brasileiro - positivista) grosseiro farseou-se de liberal para passar ares de "modernismo" num anacronismo que esteve em Canudos batendo famintos fanatizados com armamento de repetição e, inclusive, tendo um representante seu sido despedaçado pelos jagunços de Conselheiro.
O liberalismo no Brasil é tão confuso que nesta eleição já visualizei eleitor do Partido Novo, na figura de seu candidato presidencial, João Amoêdo, exercer função junto a Ordem dos Advogados do Brasil, uma Corporação-Cartel que obriga todos os advogados do País a serem membros obrigatórios de seus quadros e a contribuírem com anuidades sob pena de perderem o direito de exercer a profissão "Liberal".
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