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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

A Câmara que não gosta de livros

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Na última quinta-feira (12) realizou a Câmara Municipal de Caicó uma sessão solene em homenagem ao Centenário da Biblioteca Municipal Olegário Vale, que decorreu a 14 de setembro. Não houve público, presente apenas funcionários da instituição, além de convidados, pertencentes ao ciclo educacional do município, tais como diretores  de órgãos da educação estadual e municipal e diretores de Campis Universitários. Para piorar a cena, compareceu, de 15, apenas um vereador à sessão, exatamente o que propôs o ato solene. De brilho apenas o memorável discurso do Historiador Adauto Guerra, desvendando ao público ausente, as paredes ouviram, a figura de Olegário Vale relacionada com fatos de Caicó e do Rio Grande do Norte; Rui Barbosa fora advogado do RN em defesa da manutenção do território de Grossos como pertencente às terras potiguares, por oposição à pretensão cearense.

O fato em nada me surpreendeu, há muito que percebi nesta região do Seridó, sempre uma das mais prósperas do Nordeste, há uma feroz decadência, além da econômica, 30 anos de retração econômica, até os anos 1980 o Seridó era a região de mais alta renda do Rio Grande do Norte, garantida pela produção do algodão, uma decadência cultural bárbara. Percebi desde muito cedo que houve um amesquinhamento político, nas sessões da Câmara percebo que os vereadores, com alguma exceção pontual a cada legislatura, não possuem cultura literária alguma, péssimos oradores e, seguidores apenas de senso comum ou de estudos mal ajambrados.


De outro lado, por parte do executivo municipal, há um afastamento brutal dos que são eleitos com aquela capacidade dos políticos do início da República, como Olegário Vale e Janúncio da Nóbrega, de verem a longo prazo e de possuírem grandeza intelectual. Depois de Dinarte Mariz, que mesmo sendo semi-analfabeto, incentiva a produção cultural, passamos à política dos rebanhos que correm nas ruas em época eleitoral. Tudo que é de rebanho é burro. Não há homens de talento com a formação correta, a política diminui, vira politiquice. 

No final de 2018 a Prefeitura chegara a comunicar o fechamento da Biblioteca Municipal. Esta não recebe grandes incentivos por parte do poder público municipal. O acervo quase nunca é melhorado, 10 anos sem entrar novos livros. Ademais, seria prudente que se pensasse a transferência do prédio atual para as dependências da antiga prefeitura municipal, um prédio centenário, inaugurado pelo próprio Olegário Vale, e que daria condições para a cidade possuir uma biblioteca muito mais ampla, inclusive com um bom espaço para realização de eventos, o seu salão nobre. Tão bestial quanto a ausência dos vereadores na celebração do centenário de uma biblioteca é que ninguém com poder tenha atentado para isto ainda. O orador romano Cícero dizia que uma casa sem livros é como um corpo sem alma; direi que uma cidade sem biblioteca é uma favela. E, não poderia deixar de mencionar Monteiro Lobato: "Um país se faz com homens e livros".

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