Euronews - Neste dia 6 de fevereiro assinala-se o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.
Este crime, que consiste na remoção parcial ou total dos orgãos sexuais externos femininos, continua a ser praticado de forma crescente em vários países do mundo. A média anual de vítimas é de 4,6 milhões. O número pode ultrapassar os 60 milhões até 2030, segundo as Nações Unidas e a Organização Mundial de Saúde.
Estima-se que em todo o mundo existam 200 milhões de vítimas de mutilação genital.
Quem conhece o terreno diz que há muito a fazer, que é o caso de Inês Leitão, diretora de um documentário que dá voz às vítimas desta prática.
"Depois de conhecer tantas mulheres vítimas deste crime, posso dizer que ainda há um longo caminho a percorrer.", conta Inês à euronews.
A diretora do "Este é o meu Corpo", realizado por Daniela Leitão, diz que a língua tornou-se numa 'barreira' no caminho da erradicação desta prática.
"Trabalhámos com muitas organizações e com mulheres de origem na Guiné-bissau, por exemplo, mas tenho medo de que estejamos a deixar para trás mulheres de origem senegalesa, da Guiné-Conacri, do Egito, etc., tantas outras mulheres que não falam português, e que, em virtude da língua, seja criada uma uma barreira que não está a ser ultrapassada.", diz Inês Leitão.
Uma barreira de milhões
A Organização das Nações Unidas admite que se gasta, anualmente, 1.27 milhões de euros em todo o mundo em esforços para pôr um fim à Mutilação Genital Feminina.
Segundo a agência da ONU, em alguns países, estes custos podem chegar aos 10% em média de todo o gasto anual em saúde. A organização admite também que há casos em que esse número chega a 30%.
A prática é legal em dez países em todo o mundo: Burkina Faso, Djibuti, Egito, Eritreia, Guiné, Mali, Mauritânia, Serra Leoa, Somália e no Sudão, onde 67% a 98% das mulheres com idades entre 15 e 49 anos são mutiladas.
Segundo os especialistas, a ilegalidade não evita que este ritual religioso ou social continue a acontecer.
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