SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, sem conseguir sustentar os ganhos registrados em boa parte da sessão, conforme a volatilidade nos mercados acionários globais permanece bastante elevada diante do contínuo aumento dos casos de Covid-19 no mundo, com mais de 10 mil mortes já registradas.
Nem os anúncios de estímulos monetários e fiscais por vários países têm conseguido frear as vendas nas bolsas mundiais.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,85%, a 67.069,36 pontos, tendo alcançado 72.247,43 pontos na máxima da sessão e 66.120,06 pontos no pior momento. O volume financeiro somou 32,79 bilhões de reais,
Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 18,88%, pior resultado desde a semana encerrada em 10 de outubro de 2008. Foi a quinta queda semanal consecutiva, ampliando as perdas em 2020 para 42%.
"A incerteza econômica trazida pelos seguidos 'lockdowns' mundo afora faz com que o horizonte de investimentos de todos seja reduzido ao máximo", destacou a equipe da Verde Asset em carta nesta sexta-feira, citando, porém, que já viu crises semelhantes em 2008 e outros anos e que esta é a oportunidade.
"Teremos impactos econômicos sérios. Mas para nós, a correção dos mercados mais do que reflete tais impactos", disse a equipe de Luis Stuhlberger, que vê a combinação de distanciamento social e tratamentos para o Covid-19 com as medidas fiscais e monetárias anunciadas "como uma ponte capaz de atravessar o período de volatilidade atual".
No exterior, o londrino FTSE 100 fechou a sexta-feira em alta de 0,76%, mas o norte-americano S&P 500 recuou 4,3%. Wall Street firmou-se no vermelho após o Estado de Nova York ordenar que todos os trabalhadores de serviços não essenciais fiquem em casa para conter a propagação do vírus.
A Covid-19 já infectou mais de 250 mil pessoas em todo o mundo. Veja gráfico em:
Nos EUA, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) informou nesta sexta-feira que foram registrados 15.268 casos no país, um aumento de 4.777 casos em relação à contagem anterior. O número de mortes aumentou em 51, para 201.
No Brasil, o Ministério da Economia anunciou nesta sexta-feira corte na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 a 0,02%, ante alta de 2,1% indicada há dez dias, numa mostra da rápida deterioração das expectativas em meio ao avanço do coronavírus e seu impacto na economia.
Também o Senado aprovou, em inédita sessão remota e por unanimidade, o decreto de reconhecimento de calamidade pública - já publicado no Diário Oficial da União. O texto desobriga o cumprimento da meta fiscal deste ano para o governo central, abrindo caminho para mais gastos com a pandemia.
Até a quinta-feira, o Brasil tinha 621 casos confirmados do novo coronavírus, avanço de 193 em relação à véspera, segundo o Ministério da Saúde, que também contabilizava seis mortes em decorrência do Covid-19.
"Ainda há muitas indefinições em relação aos impactos econômicos", destacou o analista de investimentos, José Falcão Castro, da Easynvest, afirmando que só após uma definição sobre os indicadores da economia é que o mercado começará a agir com mais racionalidade.
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