Covid-19 faz índice despencar 30% em março, pior resultado em mais de 20 anos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou com o Ibovespa em queda nesta terça-feira, acumulando em março o pior desempenho mensal em mais de 20 anos, afetado pela forte aversão a risco que tomou conta dos mercados com a rápida disseminação de um novo coronavírus.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,17%, a 73.019,76 pontos. O volume financeiro somou 23,7 bilhões de reais.
Em março, o tombo foi de 29,90%, maior declínio percentual mensal desde agosto de 1998, ano marcado pela crise financeira russa, o que fez o Ibovespa acumular queda de 36,86% no ano, pior resultado de trimestre calendário desde pelo menos 1994.
Todas as ações do Ibovespa terminaram março com performance negativa no acumulado do mês e do ano.
"Os preços perderam qualquer referência", resumiu o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital.
No último mês, o 'circuit breaker', mecanismo que suspende as negociações quando o Ibovespa registra quedas expressivas a partir de 10%, foi acionado seis vezes, refletindo preocupações com os efeitos da pandemia do Covid-19 mas economias.
Governos do mundo todo anunciaram uma série de medidas de alívio dos efeitos da pandemia na atividade econômica, mas sem muito sucesso ainda no ânimo dos investidores, uma vez que não há trégua no ritmo de contágio e cada vez mais ações de confinamento estão sendo adotadas em vários países.
A alta acumulada na semana passada, que quebrou uma série de cinco com resultados negativos, trouxe algum alento, mas é consenso que a volatilidade não deve arrefecer, sem sinais claros do 'timing' de qualquer recuperação das economias ainda.
Economistas reduziram projeções para os PIBs, bem como organizações e governos. No mesmo sentido, foram cortadas projeções para os resultados de empresas, com muitas delas também suspendendo suas próprias estimativas para 2020.
"Esse 'bear market' tem sido incomum, não por causa da escala do declínio, mas por causa da velocidade e da volatilidade", avaliaram Peter Oppenheimer e equipe, do Goldman Sachs, em relatório a clientes.



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