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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Bolsonaro fala à sua "nação" e dá a senha: comunistizem Moro



Foi um dos mais longos pronunciamentos feitos por Bolsonaro desde que assumiu a presidência da República em 1º de janeiro de 2019, o que dimensiona o tamanho do estrago causado pela saída de Sérgio Moro do governo. Já tínhamos escrito aqui no Blog A CRÍTICA que Bolsonaro procurava uma forma de se livrar de Moro e que era a demissão e destruição de ministro mais difícil para o chefe do governo e para o "Gabinete do ódio", respectivamente. 

Moro é muito bem avaliado e é um potencial candidato à presidência dos mais favoritos que já houve nos tempos da Constituição de 1988. Uma vaga no STF seria uma forma de livrar-se de Moro, mas Bolsonaro, aparentemente, também não queria fazê-lo, sentia-se enciumado em premiar alguém que não lhe era subserviente, Moro tem vida própria, esta é a razão essencial, Bolsonaro só respeita ministro General e gosta dos lunáticos olavistas que servem a fins de "guerra cultural".

O tamanho do pronunciamento não teve relação com qualidade, se falando dois, três minutos Bolsonaro já possui uma capacidade gigante de proferir banalidades e não dizer nada de importância hoje superou todas as piores possibilidades. Foi uma fala à sua "nação", ao rebanho de seguidores de onde saiu a senha: Comunistizem Moro.

Bolsonaro afirmou que Sérgio Moro estava mais dedicado a elucidar o caso Marielle Franco do que o da sua facada. Quando tenta imputar algo a Moro acaba proferindo uma aberração: queria uma Polícia Federal para seu uso próprio?

Bolsonaro também falou que queria ter maior contato com a PF, assim como tem com os órgãos de inteligência, citando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). E disse que chegou a pedir “quase como um favor” que a PF interrogasse Ronnie Lessa, policial reformado acusado de matar Marielle Franco. Afirmou que teve acesso a uma cópia do depoimento, que é sigiloso. A questão em xeque era um suposto relacionamento de Jair Renan, um dos filhos do presidente, com a filha de Ronnie Lessa.

O discurso de Bolsonaro servirá apenas aos seus seguidores. Moro saiu do Governo numa condição privilegiada. O povo que Bolsonaro acha representar será apenas uma legião de fanáticos. 

Depois da demissão e das acusações de Sérgio Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras decidiu pedir ao STF uma investigação das alegações feitas pelo agora ex-ministro. O inquérito deve mirar tanto em Moro como em Bolsonaro, para avaliar se eles cometeram crimes como falsidade ideológica, coação no curso do processo, obstrução de justiça e denunciação caluniosa, por exemplo. Uma das providências solicitadas por Aras é que Sérgio Moro seja ouvido pelo Supremo em uma oitiva. 



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