Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, após superar 80 mil pontos na máxima da sessão, refletindo cautela e alguma realização de lucros diante de fim de semana prolongado e ambiente ainda volátil nos mercados. Ainda assim, acumulou ganho de 11,71% na semana, melhor desempenho semanal desde começo de março de 2016.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,2%, a 77.681,94 pontos, após subir 2,3% no melhor momento da sessão, quando chegou a acumular valorização de 15,66% na semana. O volume financeiro no pregão desta quinta-feira somou 25,16 bilhões de reais.
Apesar da percepção de alguns agentes de que o pior possa estar ficando para trás em termos de correção negativa na bolsa brasileira, a visão não é consenso. O que todos acordam é que a volatilidade seguirá elevada, assim como estão as incertezas.
Para o analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, há ainda uma disfuncionalidade muito forte nos mercados globais, que não mostra sinais de que irá arrefecer no curto prazo, o que reforça a cautela, principalmente antes de um feriadão.
"E quando falamos somente de Brasil, há ainda um risco político que está longe de ser desprezível", observou, acrescentando que ruídos nessa variável podem fazer a recuperação do país ser mais lenta do que em outros pares.
Nesta sessão, na visão de Arbertman, o gatilho para as vendas veio da frustração com o desfecho de uma reunião da Opep+, que havia gerado grande expectativa de acordo para um corte robusto na produção de petróleo, o que não aconteceu. "O acordo até veio, mas em menor potência que o possível."
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia, um grupo conhecido como Opep+ ventilaram rumores de um corte de 15 milhões a 20 milhões de barris por dia (bpd), ou 15% a 20% do suprimento global.
No entanto, o ministro do petróleo do Irã disse que um corte de produção de 10 milhões de barris por dia é apenas para maio e junho de 2020. De julho até o final de 2020, haverá um corte de produção de 8 milhões de barris por dia e, a partir de janeiro de 2021, haverá um corte de 6 milhões.
Como resultado, o Brent, que chegou a subir 10,8%, fechou em queda de 4,14%, a 31,48 dólares o barril, com analistas avaliando que a redução prevista na produção não deve compensar o colapso na demanda em razão da pandemia do coronavírus.
Mais cedo, a alta encontrou suporte em notícias mais positivas da evolução do coronavírus na Espanha e Itália, além de novas medidas e declarações do banco central dos EUA de que não poupará esforços para ajudar a economia. Wall St conseguiu manter os ganhos, mas foi incapaz de segurar o Ibovespa.
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