O bolsonarismo e a linguagem virulenta - Blog A CRÍTICA

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sábado, 9 de maio de 2020

O bolsonarismo e a linguagem virulenta



Luiz Rodrigues - O Brasil, já sem capacidade de se surpreender, viu na manhã deste sábado o condenado por corrupção, Roberto Jefferson, postar em suas redes sociais uma foto portando um fuzil e se dizendo pronto para o combate "contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os traidores, contra os vendilhões da Pátria". E o clássico bordão de campanha de Bolsonaro "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos". Um criminoso agora quer posar de soldado fiel da pátria...


Já não é difícil caracterizar um bolsonarista no sentido mais restrito do termo. Não é bolsonarista neste sentido os quase 58 milhões de eleitores que elegeram Bolsonaro em 2018, o bolsonarista tratado aqui é aquele que xinga enfermeira e chuta jornalista. Não é Roberto Jefferson, evidentemente, este está apenas tirando proveito da situação, político oportunista que é e, vendo o governo do capitão terrorista afundar, não iria perder a chance. 

Um bolsonarista típico é um sujeito falso moralista, do jeito que costuma agredir os que são mais fracos e a querer em rebanho fazer isso contra adversários políticos, agredir. Bolsonarista "raiz" bate em mulher, quebra mesa em casa bêbado, usa drogas e é capaz de roubar, no entanto, se acha capaz de livrar a nação do crime.

Bolsonaro se insurgiu contra a corrupção e enchia o tanque do carro com mil litros de gasolina, pondo tudo na conta da Câmara dos Deputados, diga-se da sociedade, do contribuinte. O Bolsonarismo tem sua origem no apresentador típico de programa policial, resolve tudo no grito e promete descer a porrada em todo mundo e quando chega numa eleição se alia de político corrupto. Bolsonaro é aliado de Roberto Jefferson, como foi de Maluf e de Eduardo Cunha.

Do jornalismo policial sensacionalista veio essa crença em se resolver os problemas por fora da legalidade, sempre com discurso raso e promessa de fáceis soluções. O bolsonarismo é um atropelo à razão, ao pensamento e ao debate. O bolsonarismo se insurge contra a democracia por que é incompatível com ela; a democracia é um regime de debate e de concessão, na democracia nada pode ser imposto pela força, é preciso que se apresente argumentos e que se esteja pronto para receber os contra-argumentos.

Para quem não saiba: bandido adora programa policial, isso mesmo!, não há marginal que não seja fã de apresentador de programa policial. Sonho de bandido é passar em programa policial. Criminoso não mata apresentador de programa policial. O bandido gosta até dos sermões desse tipo de "jornalista", é a única forma de linguagem acessível a um bandido vulgar.

E isso é fundamental, a linguagem do bolsonarismo é a linguagem da bandidagem. Mas como assim, se o mito foi o único a se insurgir contra o crime no Brasil? Justamente como fez os apresentadores típicos de programas policiais. Bolsonaro nunca realizou debates de segurança pública, o que fazia era apenas verbalizar soluções contrárias ao Direito. E, esse tipo de linguagem, por ser contrária à civilização, como o bandido o é, termina, ao invés de combater, estimulando uma cultura de violência. As redes de televisão devem seguir a Globo e proibir esse tipo de programa. Hoje em dia um dos "jornalistas" mais admirados do bolsonarismo é o Sikera Jr. que estava a fazer marmotas na TV A Crítica de Manaus antes de contrair a Covid-19.

O que governa o mundo é o discurso, o discurso da democracia é o discurso da civilização. O discurso bolsonarista é uma ilusão para solucionar o crime tornando o Estado criminoso. O bolsonarismo é mais um desse tipo de discurso político hegemonista e fanático que quando qualquer personagem que se alie a si passa a ser tolerado, como agora surge Roberto Jefferson. Basta estar do lado "certo", não importando o passado do sujeito.

O discurso virulento vira empurrão, chute, coice; depois são os presos políticos e os executados, fuzilados e torturados.  O discurso virulento fica incubado, virtualizado, com o tempo ele germina e se torna a árvore da barbárie.

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