Agência IBGE - O número de pessoas ocupadas que estavam temporariamente afastadas do trabalho presencial devido ao distanciamento social continuou caindo na terceira semana de junho, passando de 12,4 milhões para 11,1 milhões, na comparação com a semana anterior, o que representam 13,3% da população ocupada. Com a população desocupada estável, isso significa que cerca de 1,3 milhão de pessoas retornaram ao trabalho devido à flexibilização adotada em algumas cidades do país.
Os dados são da PNAD COVID19 semanal, divulgada hoje (10) pelo IBGE.
“No acompanhamento semanal da pesquisa, verificamos estabilidade na população ocupada (84 milhões) e desocupada (11,8 milhões), mas uma queda no grupo de pessoas ocupadas que não estava trabalhando na semana de referência devido à pandemia. Esse movimento se repete na terceira semana de junho em relação à segunda semana, indicando uma continuação do retorno dessas pessoas às suas atividades de trabalho”, afirma a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, lembrando que na primeira semana de maio, quando a pesquisa começou, 16,6 milhões estavam afastadas temporariamente do trabalho.
Maria Lúcia observa também que diminuiu o grupo de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de trabalhar, mas que não procuraram ocupação por causa da pandemia ou por falta de vagas no local onde vivem, de 18,2 milhões na segunda semana de junho para 17,3 milhões na terceira semana. Ou seja, com a flexibilização do distanciamento social, para 827 mil pessoas, a pandemia deixou de ser um empecilho à busca de trabalho.
“Caiu a população fora da força de trabalho que gostaria de trabalhar (362 mil), mas aquela que tinha o distanciamento social como principal motivo para não procurar trabalho caiu ainda mais (827 mil)”, comentou a coordenadora da pesquisa. O total de pessoas fora da força, que não trabalham nem procuraram trabalho, também recuou de 76,2 milhões para 74,5 na primeira semana de maio, quando a pesquisa começou.
Na terceira semana de junho, o IBGE estima que 170,2 milhões pessoas estavam em idade para trabalhar, mas somente 84 milhões estavam ocupadas. Esse número permaneceu estatisticamente estável desde a primeira semana de maio, e mostra que menos da metade (49,3%) das pessoas estavam trabalhando na terceira semana de junho.
Entre os ocupados, 8,7 milhões trabalharam de forma remota, o que representa 12,5% de trabalhadores não afastados do trabalho em virtude da pandemia. Esse grupo segue estável desde a primeira semana de maio (8,5 milhões).
Já a taxa de trabalhadores na informalidade recuou para 33,9% na terceira semana de junho, atingindo 28,4 milhões de pessoas. No início de maio, eram 29,9 milhões.
Entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.
Cresce procura por atendimento médico na rede privada
A PNAD COVID19 mostra, ainda, que na terceira semana de maio houve aumentou no número de pessoas que procuraram atendimento médico na rede privada de saúde. Das 3,1 milhões que tiveram algum sintoma de síndrome gripal e buscaram atendimento no país, 440 mil pessoas (14,3%) estiveram em ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas no período. Na semana anterior, eram 271 mil pessoas.
“Embora os estabelecimentos de saúde ligados ao SUS (Sistema Único de Saúde) ainda sejam os mais procurados pelas pessoas com algum sintoma (85%), observamos aumento no percentual dos que procuraram por atendimento privado. Isso pode sugerir que com a flexibilização houve uma mudança no perfil das pessoas que apresentam sintomas, especialmente em relação às condições econômicas”, comentou Maria Lúcia.
Entre as demais pessoas que apresentaram algum sintoma, 43,8% disserem ter buscado tratamento em postos de saúde públicos, 22% em prontos-socorros e outros 22,6% em hospitais do SUS. Já na rede privada, 2,7% foram para prontos-socorros privados e 9,6% em hospitais privados. Ao todo, 976 mil que buscaram atendimento em hospital, público, particular ou ligado às forças armadas, sendo que 110 mil ficaram internados.
Na terceira semana de junho, 15,3 milhões de pessoas se queixaram de algum dos sintomas de gripe investigados pela pesquisa (febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular). Na primeira semana de maio, 26,8 milhões estavam sintomáticas.
Os sintomas ficaram estatisticamente estáveis na terceira semana de junho, frente a anterior. A maioria dos entrevistados relatou dor de cabeça (7,2 milhões). A segunda queixa mais recorrente foi nariz entupido ou escorrendo (5,7 milhões), seguida tosse (4,6 milhões), dor muscular (4,3 milhões), dor de garganta (3,5 milhões), fadiga (2,4 milhões), perda de cheiro ou de sabor (2,2 milhões) e dificuldade de respirar (2 milhões).
Entre as pessoas que tiveram algum sintoma, 79,8% não procuraram nenhum atendimento ou estabelecimento de saúde na terceira semana de junho. Já 57,0% tomaram remédio por conta própria. Outros 14,4% tomaram medicamento com orientação médica. Além disso, 5,2% ligaram para algum profissional de saúde e 2,9% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.
A PNAD COVID 19 é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. O IBGE faz divulgações semanais e uma mensal da pesquisa. A pesquisa se enquadra como um dos produtos das Estatísticas Experimentais do IBGE.
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