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terça-feira, 9 de março de 2021

Brasil com mais de 10 mil mortes da covid-19 por semana



Artigo de José Eustáquio Diniz Alves


O Brasil está passando pelo pior momento da pandemia com a maior média móvel de 7 dias do número de casos e de mortes batendo todos os recordes. O montante de vidas perdidas para a covid-19 ficou em 10,4 mil óbitos na primeira semana de março, um número superior a 2 vezes todas as mortes da China que acumulou 4.636 mortes durante toda a pandemia.


Todavia, a tristeza não tem fim, já que o número de mortes deve ser ainda maior na semana que começa no Dia Internacional da Mulher. Já existem previsões estimando 3 mil mortes ao dia no Brasil. Com não existe controle da transmissão comunitária do vírus e como a vacinação está atrasada e caminhando em um ritmo lento, tudo indica que a pandemia vai continuar se espalhando pelo país ao longo de 2021 e o Brasil se tornará um celeiro de novas cepas do coronavírus, podendo haver multiplicação das mutações do SARS-CoV-2. Como disse o jornalista Jamil Chade: “O Brasil deixou de ser pária internacional para se transformar em ameaça global”.


O gráfico abaixo, agregando os dados do CONASS, mostra que o Brasil chegou a mais de 11 milhões de casos e a 265,4 mil vidas perdidas no dia 07 de março de 2021. O domingo bateu o recorde de casos (80,5 mil) e mortes (1.086) para este dia da semana. O coeficiente de incidência ficou em 5,2 mil casos por 100 mil habitantes e o coeficiente de mortalidade em 126,3 mortes por 100 mil habitantes. A taxa de letalidade ficou em 2,4%.


As médias móveis de 7 dias chegaram ao recorde de 66,8 mil casos diários e 1.496 mortes diárias. O quadro é desanimador e o Brasil está virando um epicentro da pandemia global. O Brasil que tem 2,7% da população mundial apresentou no domingo cerca de 20% dos casos e das mortes globais, ultrapassando inclusive os números diários dos EUA que eram o líder isolado na triste contabilidade da doença.


O Brasil já ultrapassou os EUA e a União Europeia em número de casos e mortes por tamanho da população. Os gráficos abaixo, do jornal Financial Times, mostram que os coeficientes diários de incidência (gráfico da esquerda) e de mortalidade (gráfico da direita) do Brasil estavam mais baixos, mas ultrapassaram os valores dos EUA e da União Europeia.


O gráfico abaixo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra, que ao contrário do Brasil, o número de casos semanais da covid-19 no mundo diminuíram muito desde o início de janeiro, embora tenha estabilizado nas 3 últimas semanas. Na semana de 03 a 09 de janeiro aconteceram 728 mil casos diários e caiu para cerca de 380 mil casos nas últimas semanas.


O gráfico abaixo, também da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que o número de mortes estão diminuindo consistentemente. Até o final de janeiro o número diário de vidas perdidas estava em torno de 14 mil óbitos diários, mas caiu nas semanas seguintes e ficaram abaixo de 9 mil óbitos diários na semana passada.



O gráfico seguinte, do jornal Financial Times, faz um apanhado do número de mortes desde o mês de março de 2020 por regiões. Nota-se que a primeira onda teve um pico em abril com cerca de 7 mil mortes diárias. Este número caiu nos meses seguintes, mas uma segunda onda começou em novembro com o pico em janeiro. No mês de fevereiro houve redução no número de vidas perdidas. A Europa e os EUA concentraram a maior parte das mortes até abril de 2020, a América Latina virou um epicentro nos meses seguintes, mas a Europa e os EUA voltaram a apresentar os maiores números. Todavia, com o fim do inverno no hemisfério norte as mortes estão com tendência de queda, enquanto na América Latina estão com tendência de alta.

Para interromper esta situação dramática, o Brasil precisa garantir um maior distanciamento social e avançar com o processo de vacinação. O país está atrasado. Assim, lastimavelmente, o mês de março deve bater todos os recordes negativos.

As mulheres estão sendo profundamente afetadas pela pandemia e o Dia Internacional das Mulheres deve ser um momento de reflexão e de mobilização, mesmo que virtual, para mudar esta situação.


José Eustáquio Diniz Alves

Colunista do EcoDebate.

Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382


Referências:


ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020

https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/


ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020

https://www.ecodebate.com.br/2020/11/16/a-covid-19-bate-todos-os-recordes-globais-em-novembro/


ALVES, JED. O impacto mortal da covid-19 sobre a economia e a demografia brasileira, ANPOCS, 11/05/2020

http://anpocs.com/images/stories/boletim/boletim_CS/Boletim_n37.pdf


ALVES, JED. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020

https://pt.scribd.com/document/465506796/O-passado-o-presente-e-o-futuro-da-pandemia-do-novo-coronavirus


Vídeo: https://www.facebook.com/watch/live/?v=293538905150329&ref=watch_permalink


ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020

https://www.ecodebate.com.br/2020/11/16/a-covid-19-bate-todos-os-recordes-globais-em-novembro/


José Gomes Temporão, Carlos Gadelha, José Eustáquio Alves e Alberto Carlos Almeida. Vacinas, Política, Economia e Desenvolvimento Tecnológico, Live, 28/01/21

https://www.youtube.com/watch?v=8gFWznXkO8A


 


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/03/2021


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