Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Na semana que passou o Brasil somou 15% de todos os casos e 26% de todas as mortes. O Brasil tem sido o epicentro da pandemia global no mês de março. Além de todo o sofrimento interno, o Brasil tem sido uma ameaça à saúde global
O Brasil ultrapassou 12 milhões de pessoas infectadas pela covid-19 e superou 300 mil vidas perdidas na semana que passou. No domingo (28/03) a média móvel de 7 dias do número de infectados atingiu o valor mais alto da série com 76,6 mil casos diários e a média de mortes chegou a dramáticos 2.595 óbitos diários, conforme mostra o gráfico abaixo do Conselho Nacional de Secretários de saúde (CONASS).
O gráfico abaixo, do Ministério da Saúde, mostra o número de casos por semanas epidemiológicas (SE) no Brasil. Na 30ª semana (19 a 25 de julho de 2020) ocorreram 320 mil casos, caiu para 118 mil na 45ª SE (01 a 07 de novembro) e bateu o recorde de 2020 na 51ª SE (13 a 19 de dezembro) com 333 mil casos. Mas o que estava ruim piorou muito em 2021 e o recorde de toda a série ocorreu na 12ª SE (21 a 27 de março de 2021) com 540 mil casos.
O gráfico abaixo, também do Ministério da Saúde, mostra o número de óbitos da covid-19, por semanas epidemiológicas (SE) no Brasil. Na 30ª semana (19 a 25 de julho de 2020) ocorreram 7,7 mil óbitos, caiu para 2,4 mil na 45ª SE (01 a 07 de novembro) e voltou a subir para 5,2 mil óbitos na 51ª SE (13 a 19 de dezembro). Mas os números de 2021 pioraram muito e desde a 7ª SE de 2021 os montantes só sobem e chegaram a 18 mil óbitos na 12ª SE (21-27 de março).
O Brasil teve na semana mais óbitos do que a soma dos outros 9 países mais populosos do mundo. O gráfico abaixo, do Our World in Data, mostra o numero diário de mortes (por milhão de habitantes) para os 10 países mais populosos do mundo. No mês de março de 2021 o Brasil assumiu a liderança isolada e se distanciou muito da média das outras nações.
Um destaque recente em nosso continente é o aumento dos casos e das mortes no Uruguai, que apesar de ser o país da América Latina com menores coeficientes de incidência e de mortalidade, tem batido os recordes pandêmicos do país. O Uruguai – com 3,5 milhões de habitantes – chegou a 95 mil casos acumulados (superando a China) e a 901 vidas perdidas. A média móvel de infectados que estava 750 casos no início de março, ultrapassou 2 mil casos no dia 27/03. E a média móvel de vidas perdidas que estava em 4 óbitos no início de março passou para 18 óbitos no dia 27/03.
O mundo chegou a quase 127 milhões de casos e a quase 2,8 milhões de mortes. Na semana que passou o Brasil somou 15% de todos os casos e 26% de todas as mortes. O Brasil tem sido o epicentro da pandemia global no mês de março. Além de todo o sofrimento interno, o Brasil tem sido uma ameaça à saúde global.
O país mudou de ministro da saúde, mas parece ainda distante de mudar o quadro catastrófico que envergonha a história do país.
José Eustáquio Diniz AlvesDoutor em demografia, link do CV Lattes:
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2021
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