Dentro de nossa série de Conceitos de Economia, enfocamos um dos temas econômicos que mais explica o crescimento do comércio internacional, a vantagem comparativa. Para o início dessa teoria básica, voltamos a Adam Smith e sua Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, onde ele fala sobre a lógica do comércio, tanto entre pessoas quanto entre países.
Essa lógica se baseia na conveniência de se especializar na produção daquilo que um país pode produzir de forma mais econômica e comercializar com outros países produzindo o que eles fazem de melhor, em benefício de ambos, a clássica divisão do trabalho, em função das diferenças do capital, trabalhadores e recursos naturais e outros. Mais tarde, David Ricardo estendeu essa teoria da divisão do trabalho para obter vantagens comparativas.
Simplesmente, a vantagem comparativa diz que um país deve se especializar nas atividades em que tem mais vantagens, o que não significa se especializar em tudo o que faz melhor do que os outros. Essa teoria é a base fundamental que explica a dinâmica do comércio internacional.
Vantagem comparativa em nossas vidas
No entanto, vemos vantagens comparativas em ação em nossas vidas todos os dias. Usamos o exemplo de um advogado e de um jardineiro. Se o primeiro é um advogado melhor e o segundo é um jardineiro, cada um se especializa no que faz de melhor e eles negociam entre si e ambos ganham, a clássica divisão de trabalho elaborada por Adam Smith.
A teoria da vantagem comparativa vai um passo além. Se assumirmos que o advogado não é apenas um advogado melhor, mas também um jardineiro melhor do que aquele que exerce a profissão de jardineiro, ele contrata o jardineiro para cuidar de seu jardim. A razão para contratar um jardineiro menos bom é que a vantagem comparativa do advogado é ser advogado.
Cada hora que trabalha como advogado o aluga mais do que lhe custa contratar o jardineiro durante aquela hora e, embora ele não seja tão bom no jardim, é mais lucrativo para o advogado contratá-lo do que ser o próprio jardineiro . Ou seja, mesmo quando o advogado é melhor que o jardineiro tanto no direito como no jardim, é do interesse do advogado contratar o jardineiro e concentrar-se no seu trabalho de advogado onde a sua vantagem comparativa lhe rende muito mais. Por outro lado, embora o jardineiro não seja tão bom quanto o advogado do jardim, ele ainda tem um emprego porque o advogado se concentra no seu trabalho de advogado, vantagem comparativa em ação em nosso cotidiano .
Vemos o mesmo efeito com pais e filhos. Os pais podem ser melhores na criação dos filhos, mas mesmo assim contratam um cuidador para permitir que trabalhem. Grande parte dessa decisão se baseia no fato de que trabalham melhor para cobrir as despesas de cuidar dos filhos, mesmo que sejam melhores no trabalho e na criação dos filhos. Essa é uma vantagem comparativa em ação no nosso dia a dia , mesmo que você seja melhor nos dois, você se concentra naquele que tem melhor desempenho para você.
Vantagem comparativa no comércio internacional
Esse mesmo efeito é visto no comércio internacional. Por sua situação relativa em salários, custos, recursos naturais e tecnologia, etc., países se especializam no que melhor produzem seguindo as regras da ventagem comparativa e comerciam com outros países que se focam no que eles melhor fazem, para o benefício dos dois.
Posteriormente, a teoria foi avançada com o modelo de Heckscher-Ohlin onde se focou na vantagem que os países possuem por terem uma posição forte em alguns dos fatores de produção; matérias-primas, força de trabalho ou capital. Exemplos do modelo Heckscher-Ohlin em ação são a vantagem do Oriente Médio em petróleo e a China em mão de obra relativamente barata.
No entanto, deve ser lembrado que a vantagem comparativa não cria automaticamente o comércio internacional. Por exemplo, o azeite é produzido em todos os países mediterrâneos, no entanto, quando você viaja pelo mundo, vê muito azeite italiano à venda e muito pouco espanhol.
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