Semiárido nordestino recebe 2022 debaixo de chuva - Blog A CRÍTICA

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Semiárido nordestino recebe 2022 debaixo de chuva



Luiz Rodrigues - Blog A CRÍTICA


O ano de 2022 chegou ao semiárido nordestino do jeito que o sertanejo mais ama, tempo fechado e muita chuva. Desde o final de dezembro que o calorão em torno dos 40º dos últimos meses do ano, normal para a região, deu lugar a muita chuva. O cenário faz-se belíssimo, o cinza da caatinga dá lugar a um verde exuberante, a poeira do chão torna-se no pasto abundante a cobrir toda a paisagem.

📷 @silvaniavanessa



Os rios começam a viver, cheias e mais cheias, para delírios dos moradores que na era da internet não perdem o costume muito antigo de logo ao amanhecer do dia correr para os leitos para a contemplação da correnteza das águas, agora tudo filmado e espalhado nas redes sociais.


É a transformação mais espetacular de um bioma brasileiro, é o mesmo valor poético da primavera europeia, depois de um inverno branco, coberto de neve. A chuva traz ao sertanejo do nordeste a experiência de viver todas as estações ao mesmo tempo.


Numa tarde de inverno o céu se agita

Uma nuvem pesada esconde o sol

Aparece relâmpago, caracol

A cascata do rio enche e vomita

Desce raio de fogo o trovão grita

Na cabeça de um grande torreão

Passa o vento entoando uma canção

Que o porão do açude se arrepia

O nordeste se enche de alegria

Na chegada da chuva no sertão


Na esperança o campônio se agarra

Do fantasma da seca sente medo

Quando chega o natal, acorda cedo

Para ver se aurora trás a barra

Inimiga da seca é a cigarra

Que só canta no tempo do verão

O profeta do inverno é o carão

Quando está pra chover ele anuncia

O nordeste se enche de alegria

Na chegada da chuva no sertão


Quando chove na entrada de janeiro

O riacho transborda e soltam roncos

Lambe os galhos do mato, arrastra troncos

De raízes que encontra em todo aceiro

Passam sapos montado no balseiro

Parecendo um chofer de caminhão

Não dirige, mas dá a impressão

Onde tem um perigo ele desvia

O nordeste se enche de alegria

Na chegada da chuva no sertão


No inverno o vaqueiro tangem bois

O roceiro na luta mete a cara

Queima a broca o que sobra faz coivara

Deixa arranca de touco pra depois

Corta a terra na baixa de arroz

Faz remonte de cerca aduba o chão

Abre cova semeia e enterra o grão

Tudo quanto plantar a terra cria

O nordeste se enche de alegria

Na chegada da chuva no sertão



Geraldo Amâncio


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