O PT é absolutamente competente em aniquilar divergentes do seu espectro político e, ultra competente em potencializar adversários do campo oposto. Em 2014 o PT fez pó da Marina Silva, o resultado foi uma vitória muito apertada da Dilma sobre o Aécio, o que acabou inviabilizando o segundo mandato da então presidente reeleita; agora em 2022, o PT aniquilou o Ciro Gomes, na esdrúxula campanha do voto útil, de uma, supostamente, eleição para se ganhar no primeiro turno e o que conseguiu foi a menor diferença entre primeiro e segundo colocados numa eleição presidencial desde 1989.
A configuração final da eleição mostra que quanto mais votos o Ciro Gomes tivesse maior seria a distância entre Lula e Bolsonaro, sendo que o teto do Ciro era 12% dos votos; numa campanha mais à direita que em 2014, Ciro conseguiu votos bolsonaristas de 2018 arrependidos, quando o PT mirou no Cearense e esqueceu o Bolsonaro, o PT queria todos os votos do Ciro para si, o que conseguiu foi mandar a metade do que restava para o pedetista, cerca de 6% dos votos, para Bolsonaro.
A hegemonia do PT pela esquerda deu amplitude à extrema direita, o Lula tem um enorme capital eleitoral, isso foi mostrado pelo resultado, com a sua liderança no final do primeiro turno, entretanto o líder do PT, mesmo que vença em definitivo, não será nem sombra do que foi no passado, seria um governo parecido com a volta do Getúlio em 1950, impossibilitado de governar, com a faca no pescoço o tempo todo, por parte de uma oposição extremamente virulenta.
O Bolsonaro foi o grande vencedor da noite, na verdade consolidou o entendimento de que não foi somente uma onda passageira da eleição de 2018, obtendo muita força no Congresso. Se ganhar o Bolsonaro será muito maior do que no primeiro mandato, podendo ter o "comando" dos três poderes da República, poderá indicar mais dois juízes do STF em 2023 e, com a força do Senado poderá fazer o impeachment de outro juízes ou aumentar o número de cadeiras, também por ter sido uma vitória sobre o Lula, o grande adversário; se perder, inviabilizará o governo Lula.
Enfim, a campanha do voto útil foi pura soberba de quem se julgava vitorioso antes da hora e focou muito mais em destruir um antigo aliado do que enfrentar o maior adversário.
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