Margarida Gutierrez, da UFRJ, diz que a produtividade da mão de obra brasileira é baixa se comparada a de outros países. Para ela, é preciso investir de modo mais assertivo em educação, abrir a economia e fazer uma reforma tributária
Para Margarida Gutierrez, doutora em economia e professora do Instituto Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o presidente eleito em outubro deve trabalhar para melhorar a produtividade da economia brasileira, porque isso tem relação direta com o crescimento econômico.
Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), de 2020, mostra que a produtividade do trabalhador brasileiro quase não cresceu desde a década de 80. A produtividade por hora trabalhada aumentou, em média, 0,4% ao ano entre 1981 e 2018. Na prática, isso quer dizer que se um trabalhador brasileiro levava uma hora para executar um serviço ou fazer um produto, 37 anos mais tarde ele leva 51 minutos.
Entre 2011 e 2020 a economia brasileira cresceu, em média, 0,3% ao ano. Foi a década de pior desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 120 anos. O resultado da economia nesse período ficou abaixo, inclusive, da chamada “década perdida”, entre 1981 e 1990, quando o PIB cresceu apenas 1,6% a.a.
Gutierrez diz que o aumento da produtividade da economia brasileira passa, necessariamente, por uma reforma tributária, que torne o sistema “caótico” atual em algo mais simples e transparente e que ajude a desamarrar um dos setores mais penalizados pela carga tributária, a indústria. “A indústria no Brasil é muito tributada. Isso tira a competitividade do setor industrial brasileiro. Por quê? Porque ele exporta. Então, ele se depara com um nível de competitividade já por aí mais baixo”.
“É preciso discutir a abertura da economia para que as empresas no Brasil possam acessar as cadeias globais de produção, para poderem incorporar tecnologia mais eficiente, e possam transacionar mais entre si”, completa.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor tem a maior carga tributária do país. Enquanto a média nacional entre pessoas jurídicas é de 25,2% do Produto Interno Bruto (PIB), na indústria de transformação a carga chega a 46,2%.
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