Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, considerou aproximadamente 700 mil escravos livres. Passados 135 anos, negros representam 54% da população do país (IBGE) e desigualdades continuam
Embora tenha passado mais de um século desde a abolição da escravatura no Brasil, muitos desafios ainda persistem para os negros no país. A luta por direitos e igualdade de oportunidades continua sendo uma realidade para muitos, que enfrentam diariamente o racismo estrutural e a exclusão social.
A abolição da escravatura, apesar de ter marcado um importante marco histórico na luta contra a opressão e a violência contra os negros, não resolveu todos os problemas relacionados à discriminação racial no Brasil. Os negros continuaram enfrentando barreiras para o acesso à educação, saúde, emprego e moradia digna, e muitas vezes são as maiores vítimas de violência e criminalidade.
Mesmo que tenham sido feitos avanços significativos nas últimas décadas, incluindo políticas de ação afirmativa, programas sociais e medidas de combate à discriminação racial, ainda há muito a ser feito para garantir que os negros possam ter as mesmas oportunidades e direitos que os demais cidadãos brasileiros.
Nesse contexto, é fundamental destacar a importância de ampliar o protagonismo dos negros na sociedade, permitindo que eles possam ter voz e influência em questões políticas, culturais e econômicas. A representatividade é uma poderosa ação para combater o racismo e garantir que as vozes dos negros sejam ouvidas e valorizadas.
Conhecimento é o primeiro passo para o fim do preconceito, discrimanação e racismo
A informação e o conhecimento são uns dos instrumentos mais poderosos na luta contra o preconceito, a discriminação e o racismo. Estudos demonstram que a educação é um fator determinante para reduzir as desigualdades sociais e promover a inclusão de grupos historicamente marginalizados, como é o caso da população negra no Brasil.
Assim como, o conhecimento sobre a história do racismo e suas consequências também é fundamental para combater a discriminação e o preconceito. A compreensão dos efeitos do racismo estrutural na sociedade e na vida dos negros é significativa para promover a conscientização e a mudança de comportamento. E pensando na possibilidade de que o conhecimento seja a chave para a transformação, a BibliON - biblioteca digital gratuita de São Paulo, listou cinco obras sobre o tema para leitura gratuita.
Você sabe dizer quem foi Maria Firmina dos Reis? Ela foi uma escritora brasileira que viveu no século XIX, e é reconhecida como uma das primeiras escritoras negras do país. Nascida em São Luís, Maranhão, em 1822, Maria Firmina dos Reis foi uma das primeiras mulheres negras a frequentar a escola pública na sua cidade. Além disso, ela também foi professora e fundou uma escola para meninas em Guimarães, no interior do Maranhão.
Escreveu diversas obras literárias, incluindo romances, contos e poemas. Um deles é o conto A Escrava (disponível aqui para leitura gratuita na BibliON). Além dessa obra, outros títulos da autora estão disponíveis para empréstimo gratuito aqui.
Diferentes títulos de outros autores também foram indicados pela BibliON. Abaixo a listagem completa das obras para que possamos não só lembrar da data, mas sermos também agentes conscientes da luta antirracista. Confira:
A Escrava - conto original -Maria Firmina dos Reis
O conto A Escrava é narrado por uma senhora branca, que decide ajudar dois escravos fugitivos; uma mulher, à beira da morte, e seu filho, Gabriel. Com o estilo direto e crítico de Maria Firmina dos Reis à crueldade da escravidão, A Escrava mostra os sentimentos dos escravos e a coragem dos abolicionistas na luta para ajudar a causa.
O abolicionismo Edição de Bolso - Joaquim Nabuco
Redigido em 1883, O Abolicionismo é um clássico do pensamento político brasileiro. Nele não há apenas uma defesa apaixonada e engenhosa da libertação dos escravos, mas um amplo programa de reforma da sociedade imperial e uma corrosiva crítica de suas estruturas e instituições. É expressão de uma época em que despontavam as primeiras manufaturas capitalistas e começavam a se reformular as relações, as ideias, as instituições e as próprias classes sociais.
A força da escravidão - Sidney Chalhoub
Diante de um caso de identidade duvidosa de um preso negro que se suspeitava ser cativo, mas que afirmava ser livre de nascimento, o chefe de polícia do Rio de Janeiro entre 1833 e 1844, Eusébio de Queiróz - em tese o responsável pela repressão à escravização ilegal de africanos e ex-cativos -, certa vez afirmou que seria "mais razoável a respeito de pretos presumir a escravidão, enquanto por assento de batismo, ou carta de liberdade não mostrarem o contrário". A obrigação de provar sua condição de pessoa livre, sob risco de ir a leilão público e retornar aos horrores do trabalho forçado, era apenas um dos obstáculos enfrentados pelos negros brasileiros no exercício de sua incipiente cidadania no Brasil imperial. Como demonstra o historiador e professor Sidney Chalhoub neste ensaio indispensável, o descaso sistemático das autoridades em relação aos direitos mais básicos da população negra não pode ser dissociado das ilegalidades do tráfico de cativos. Entorpecida pelos pactos de conveniência com a classe proprietária, a vigilância do Estado foi conivente com o contrabando de mais de 700 mil africanos após a proibição nominal do tráfico, em 1831. Essa flagrante ilegalidade sinalizava aos ex-escravos e aos nascidos livres que sua precária experiência da liberdade estava à mercê dos interesses da casta de senhores, disseminando o medo da reescravização e estimulando práticas de resistência social.
Manual Jurídico da Escravidão Império do Brasil - André Barreto Campello
O Manual Jurídico da Escravidão apresenta de forma simples e sistematizada, mas não superficial, a estrutura do instituto jurídico da escravidão dos negros no Brasil durante o século XIX e responde inúmeras questões, dentre elas: Quando se iniciou a escravidão no Brasil? O escravo era uma coisa ou uma pessoa? Ele poderia ser processado criminalmente? Seria possível o cativo adquirir patrimônio ou ter uma família? Poderia o proprietário aplicar uma penalidade de morte? O escravo era cidadão do Império? A sociedade brasileira tinha medo dos escravos? Os escravos aceitavam passivamente o seu cativeiro? Existia um Código Negro no país? Como poderia obter judicialmente a sua liberdade? O que foi a lei para inglês ver? Como o tráfico de escravos se encerrou? Quem eram os feitores e os capitães do mato? A Lei Áurea realmente extinguiu a escravidão? O Manual revela as dimensões de um inferno construído sob a forma de sistema produtivo, que destruiu sociedades e exterminou milhões de indivíduos, em um Brasil totalmente diferente do nosso, onde este fruto da maldade humana era elemento constituinte da paisagem. A obra é, acima de tudo, um inédito olhar sobre o sombrio universo da escravidão.
Dicionário da escravidão e liberdade 50 textos críticos - Vários autores
Para comemorar criticamente os 130 anos da abolição da escravidão, cinquenta textos dos maiores especialistas no tema. Um panorama abrangente de como a escravidão se enraizou perversamente em nosso cotidiano. "A meia centena de ensaios concisos que Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes reuniram neste volume, com título e intenção de ser um dicionário temático, mostra a grande quantidade de faces que compõem o que é um poliedro em movimento. Cada um desses textos convida a novos textos, a novas pesquisas, e aprofundamentos, a novas comparações e a contestações. Não faltam neste livro parágrafos sobre a espera, a busca e a obtenção da liberdade. Sobre a liberdade como antônimo de escravidão, mas que com ela coexiste para a ela se opor. Se estes ensaios nos dizem que o passado é sem esperança de conserto, eles não nos deixam esquecer que não há sombra sem luz." Do prefácio de Alberto da Costa e Silva.
Para utilizar o serviço gratuito, basta que os interessados acessem www.biblion.org.br ou baixem o aplicativo BibliON, disponível no Google Play e na Apple Store e realizem um breve cadastro. O usuário pode fazer empréstimos de até duas obras simultâneas, por 15 dias. A BibliON permite, ainda, ações como organizar listas, adicionar favoritos, compartilhar um livro como dica de leitura nas redes sociais, fazer reservas, ver histórico e sugerir novas aquisições. Por meio de princípios de gamificação, os associados conseguem acompanhar as estatísticas do tempo dedicado à leitura e participar de desafios.
O sistema de busca permite a utilização de diversos filtros, como tema, autor, categoria ou título. É possível ler em dispositivos móveis, sem a necessidade de usar dados do celular, por meio do download prévio do título ou, ainda, ajustar o tamanho da letra e o contraste da tela; escolher diferentes modos de leitura para dia ou para noite e acionar a leitura em voz sintetizada, para saída em áudio do texto.
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