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terça-feira, 18 de julho de 2023

Desenrola ajuda, mas é preciso educação financeira para não contrair mais dívidas

Educador financeiro Thiago Martello  explica que, sem entendimento das próprias finanças, brasileiro tende a entrar no vermelho novamente independentemente do programa



O governo federal está lançando o Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas que deve ajudar quem está devendo na praça e com o nome sujo. O potencial da iniciativa, que terá três etapas, é auxiliar até 70 milhões de pessoas, e o objetivo principal é fazer com que os brasileiros auxiliados voltem a contar com crédito. Mas será que isso é suficiente para resolver de vez a situação?

De acordo com Thiago Martello, fundador da Martello EF, empresa que abocanhou investidores no programa Shark Tank Brasil ao oferecer uma metodologia própria, a resposta é “não”. Ele acredita que o programa tem um lado positivo, que é beneficiar milhões de pessoas a renegociarem dívidas e limparem o nome, porém, não acredita que facilitar o crédito novamente é a melhor alternativa. “Quase 80% da população brasileira está endividada, e só chegamos nisso por conta do fácil acesso ao crédito. Ou seja, se dar crédito fosse resolver o problema financeiro do brasileiro, não estaríamos nesta situação”, avalia. 

O planejador financeiro explica que a maior parte dos brasileiros não consegue adequar seu estilo de vida à sua capacidade financeira, e acaba usando o crédito fácil para gastar muito mais do que ganha. “O cartão de crédito, por exemplo, é o fantasma de muita gente. Ele foi criado para facilitar pagamentos, mas virou um produto de crédito com a maior taxa de juros do mercado: 400% ao ano! Normalmente, as pessoas culpam o cartão pelo endividamento, mas ele não faz nada sozinho. A responsabilidade é de cada um usar”, afirma. 

Martello ressalta que quem não sabe lidar com as finanças e costuma se enrolar facilmente com as contas, pode voltar a ter ainda mais problemas com o acesso a crédito novamente. “Quando a gente se enrola, crédito não é saudável porque engana, dá a sensação de que as coisas se normalizaram, mas quando começam a chegar os boletos, a situação piora”, avalia. 

O especialista explica que, para evitar o endividamento, o ideal é, primeiramente, estabelecer um limite adequado para o padrão de vida. “Se a pessoa ganha R$ 5 mil, por exemplo, e já sabe que tem gastos fixos de R$ 3 mil, o máximo que pode gastar em todo o resto, incluindo o cartão, é R$ 2 mil”, exemplifica.

O fundador da Martello EF reforça que dinheiro é uma ferramenta como outra qualquer, mas é preciso saber lidar. “Programas como o Desenrola são importantes, mas é preciso estimular a educação financeira e o correto uso do crédito para que situações de endividamento não voltem a se repetir, senão de nada adianta. Quanto antes aprendermos a lidar e colocar o dinheiro a nosso serviço, melhor para o país como um todo”. 

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