Três empresas lideradas por mulheres foram escolhidas por projetos desenvolvidos com inovação e tecnologia pelo MDIC e ENAP
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) apresentaram nesta quarta-feira (19/7), os projetos vencedores do programa Empreendedoras tech. As três empresas ganhadoras vão receber R$ 50 mil cada por iniciativas tecnológicas e inovadoras lideradas por mulheres.
Os projetos escolhidos foram desenvolvidos pelas empresas Orby, do Rio Grande do Norte; Ritualiza, de Santa Catarina; e Healthful Tecnology, de Minas Gerais; e fizeram parte de um ciclo de aceleração de negócios promovido, desde abril, pelo MDIC e pela ENAP. Quinze micro e pequenas empresas destacadas entre 187 pretendentes participaram de um workshop e de mentorias sobre Propriedade Intelectual oferecidas pelo programa.
As iniciativas vencedoras mostram a diversidade e a criatividade dos projetos desenvolvidos por empresas comandadas por mulheres no Brasil. Com o projeto Cosmético Personalizado, a Ritualiza produziu uma plataforma de cuidados com a pele, proporcionados por cosméticos obtidos a partir de demandas e informações pessoais; a Orby desenvolveu um aparelho auditivo atrelado a smartphones; e a Healthful Tecnology produziu um aparelho de escaneamento bucal, também conectado com smartphones (leia mais sobre os três projetos vencedores ao final deste texto).
Na cerimônia de encerramento do programa, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira Lima, ressaltou a importância das políticas públicas voltadas para o combate à desigualdade de gênero verificada no Brasil.
“A pauta da equidade de gênero, raça e etnia é prioritária para o governo”, afirmou Moreira Lima. “Faz parte de uma perspectiva de entender que políticas de fomento de qualquer natureza – industrial, tecnológica ou de inovação – tem de ter como princípio a ideia de defender a equidade de homens e mulheres, promovendo ou se inserindo, em todas as dimensões da sociedade, e em particular na atividade empreendedora”, explicou o secretário.
Nesse sentido, Moreira Lima lembrou o Empreendedoras tech atuou no sentido de diminuir os riscos “intrínsecos” do empreendedorismo e de dar a empresas lideradas por mulheres ferramentas para superar a desigualdade de gênero. Segundo o representante do MDIC, dados disponíveis revelam que a taxa total de empreendedorismo masculino em 2021 foi de 36,5%, 12 pontos percentuais acima da taxa total feminina.
Na opinião do secretário, a conjuntura atual exige sensibilidade dos governantes. “As políticas industriais nessa nova conjuntura devem ter a sensibilidade de que o Brasil precisa para avançar nas suas fronteiras produtivas do ponto de vista de inovação e tecnologia, mas ao mesmo tempo entender que isso tangencia uma pauta que é transversal de governo”, afirmou.
A secretária-executiva-adjunta do MDIC, Aline Damasceno, chamou a atenção para o ganho de crescimento e para a maturidade das iniciativas. Durante o programa, as empresas participaram de atividades como mentorias, webinars, oficinas. Tiveram também ambiente e acesso a infraestrutura para o desenvolvimento dos projetos inovadores.
“Realmente espero que todo esse ciclo de aperfeiçoamento e aprendizado se converta em ativos organizacionais para o sucesso dos seus negócios”, afirmou Damasceno. “Mas sobretudo realmente espero que o Empreendedoras tech dê visibilidade às lideranças femininas aqui presentes, de modo a inspirar novas entrantes nesses setores de base tecnológica”, acrescentou.
Ela trouxe números de um relatório da Abrascom (Associação Brasileira do Comércio) que reforçam a necessidade desse tipo de iniciativa. No setor de Tecnologia da Informação, a presença feminina chega a 39%, enquanto em outros setores de indústria e comércio, o percentual esteja entre 42% e 46%. Para o MDIC, explicou Damasceno, a transformação digital e o fortalecimento do empreededorismo feminino podem se configurar como instrumento de desenvolvimento econômico e social do país. Também pode abrir oportunidades para que mulheres possam melhorar seus acessos à informação, renda e oportunidade de negócios.
Os projetos vencedores
Abaixo, detalhes sobre as empresas e os projetos vencedores do Empreendedoras tech:
Empresa:ORBY
Produto: Audionics
Solução: aparelho auditivo atrelado a smartphone
Tecnologia: Hardware, Software, IoT, IA
A Audionics oferece ao mercado um aparelho auditivo de nacional para pessoas com perda auditiva de grau leve a médio. A solução conta com inteligência artificial, integrada a um aplicativo e design ergonômico. Possibilita a filtragem de ruídos em ambientes desafiadores para a escuta, o que não é suportado pela maioria dos aparelhos vendidos no Brasil.
Dados mostrados pela empresa indicam que 1,5 bilhão de pessoas no mundo sofre de perda auditiva. Desse total, 10,7 milhões são brasileiros. O produto tem o objetivo de minimizar as dificuldades que esse público enfrenta na vida cotidiana, em ambientes como metrô, por exemplo.
Voltado ao público de 18 a 55 anos, o Audionics tem como principal característica o fato de poder ser controlado por aplicativo.
A empresa é focada na tecnologia/algoritmo. Neuroengenharia. A ideia é fazer parceria com algumas empresas que vendam aparelhos auditivos diretamente ao público.
Sobre preço, quando chegar no nível de produção final, estima-se o aparelho deverá custar R$ 8 mil para o público. Hoje no mercado, esse mesmo aparelho custa cerca de 30 mil.
Descrição: Um compacto scanner intraoral, portátil, operado por um aplicativo através de smartphone. Reproduz a arcada dentária em um modelo virtual, com mobilidade e custo mais baixo. Possibilita a disseminação da odontologia digital nos consultórios e clínicas dentárias. A grande quantidade de dados obtidos permite a gestão e a promoção da saúde bucal, com elaboração do histórico dos pacientes através do escaneamento tridimensional periódico da arcada dentária.
O dentista poderá utilizar softwares abertos e o arquivo no formato próprio é disponibilizado para impressoras 3D e ou fresadoras.
Segundo a empresa, a criação produto foi motivada pelo sistema de modelagem usado atualmente pelos dentistas, com excesso de material e sabor desagradável. Os materiais com borracha demoram longo tempo para se decomporem no meio ambiente. Calcula-se em 5% o fluxo de trabalho digital em odontologia.
Com o produto, a empresa se propõe a simplificar o processo e reduzir os custos, com qualidade. Tem uma estimativa de crescimento anual de 15,9% do mercado de Scanner Intraoral até 2030. O modelo de negócio é de venda de hardware (R$25.000,00) ou assinatura mensal de (R$209,00). Produto totalmente nacional, captura via smartphone, baixo custo, facilidade de uso e precisão nos resultados. Depois de passar pela fase de desenvolvimento do aplicativo, o algoritmo de construção em 3D está na fase de desenvolvimento do Hardware.
A Ritualiza é a primeira plataforma brasileira de cuidados personalizados com a pele. Faz a personalização de cosméticos naturais de alta performance de acordo com os objetivos e necessidades do cliente. O diagnóstico é feito quando o consumidor responde o quiz da pele, com direcionamento aos ativos naturais que vão compor os cosméticos para um ritual minimalista e eficaz.
Em linguagem mais usual, a empresa desenvolveu um skincare, de acordo com pele da pessoa. A Ritualiza dispõe também de um canal de feedback para adaptar a fórmula e, depois, envia os refis dos produtos adaptados ao resultado esperado. Ainda é oferecida a orientação de uso dos produtos (o ritual).
O Brasil hoje é o 4° maior mercado consumidor de cosmético (beleza), do mundo. No e-commerce, o mercado de saúde e beleza fatura R$10,5 bilhões por ano. Desse total, 7,3% se refere a skincare (cerca de R$766 Milhões). A meta da empresa é alcançar 0,5% do mercado. São produtos veganos, sem uso de animais nos testes.
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