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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Maioria de detentores de empréstimo consignado não é idoso, revela pesquisa da FGV e Toluna Insights

Resultado surpreende: apenas 12% dos respondentes são aposentados e 15% têm mais que 55 anos. Em contrapartida, os colaboradores do setor privado são os que mais recorrem a essa modalidade de crédito.

 


São Paulo, agosto de 2023 – O Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcef), em parceria com a Toluna Insights, realizou um levantamento sobre a concessão de empréstimo consignado (EC) no país nos últimos dois anos. O resultado revelou uma surpresa ao constatar que 12% dos respondentes são aposentados e 15% têm mais que 55 anos.

 

Outro destaque do estudo é que metade da amostra está em emprego de tempo integral, então a garantia do empréstimo é o salário. Ainda nas garantias, 4% dizem que a garantia são benefícios como bolsa família. No total dos participantes, 27% alegaram que contrataram mais de um empréstimo nos últimos 24 meses, nesse caso, os idosos foram a maioria (42,5%).

 

 

Já os valores dos empréstimos consignados são relativamente baixos, com 50% da amostra indicando até R$ 3 mil, sendo que as mulheres contratam valores menores que os homens. Por outro lado, as classes C, D e E têm um volume alto de contratos: acima de R$ 5 mil. No quesito prazo, 61% dos contratos são de curto prazo, menos que 24 meses, mas 14% com prazos acima de 72 meses. Contratos muito longos dado o valor.

 

“O Empréstimo Consignado parece ser um caminho vantajoso para o tomador do empréstimo. Isso fica nítido quando vemos que 91% deles está adimplente, situação totalmente diferente da população brasileira em geral. Também vemos que o investimento em negócios próprios tem dado frutos muito melhores que os que vemos em outras estatísticas, aqui mais de 30% dos tomadores de ECs que começaram negócios dizem já estar colhendo frutos. Sabemos que no geral o número de negócios próprios que não dão certo é muito maior. Uma surpresa do levantamento, dentre outras, foi que a maioria dos tomadores não é de aposentados como acreditávamos. Também acreditávamos que boa parte dos recursos era direcionada para terceiros, principalmente parentes. O levantamento não mostrou isso, ao contrário, a maior parte dos recursos é utilizada pelo próprio tomador, em geral para pagar dívidas refletindo a situação geral dos brasileiros”, afirma William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP.

 

Fatores para adesão ao crédito consignado

 

As características que mais atraem as pessoas para essa modalidade de empréstimo são: taxas mais baixas, facilidade na obtenção do empréstimo e rapidez na obtenção dos recursos. A facilidade para obtenção de empréstimos para negativados é indicada como o quinto motivo. Homens e idosos (+55) se preocupam mais com as taxas, assim como as classes A e B. Ao escolher a instituição financeira, 53% contrataram o EC junto ao banco onde são clientes (35% online, 18% presencial). Apenas 17% em bancos digitais.

 

 

O comprometimento da renda mensal foi o principal cuidado indicado pelos contratantes a ser tomado no processo de contratação, seguido por evitar o acúmulo com outras dívidas. Evitar golpes foi indicado como o quinto cuidado. Interessante é que consultar um profissional ficou em último lugar. As mulheres são mais preocupadas que os homens em três aspectos: comprometimento da renda mensal, avaliar a real necessidade do empréstimo e evitar golpes e fraudes. Evitar golpes e fraudes também se destaca entre os mais idosos como um cuidado importante.

 

Dentre as restrições no momento da contratação, a margem consignável foi a mais indicada como problema, seguido pelo limite de parcelamento. Os brasileiros querem mais dinheiro disponível.

 

 

Sobre os principais motivos para a aquisição dos empréstimos estão: pagar, reformar a casa, cobrir tratamentos de saúde e pagar contas da casa. Investir no próprio negócio é o 5º motivo, indicado por 8% dos respondentes. Mulheres indicam mais o motivo pagar dívidas. Idosos, como era de esperar, indicam mais cobertura de gastos com saúde. Os jovens indicam mais começar ou investir no seu negócio. Sobre o negócio próprio, quase a metade diz estar no início. 31% indicam que já têm lucro.


 

 

 

Outro dado surpreendente é que 91% da amostra dizem estar adimplente. Com os 70 milhões de inadimplentes do Brasil, o dado foi revelador. 8% estão na justiça contestando os contratos. Os mais jovens nitidamente enfrentam mais problemas para pagar, assim como membros da classe D e E foram os que mais ficaram inadimplentes temporariamente.

 

Sobre os possíveis problemas em contratar um empréstimo consignado, 55% indicam não tê-los. Mas, os que tiveram problemas, os principais foram: venda casada e assédio (somando bancos + seus correspondentes temos 21%), seguido por falta de informações, cobrança com valores diferentes do que o tomador havia imaginado, dificuldade de renegociar o empréstimo, cobranças não contratadas, além de cobrança de TAC, o que não é permitido. Idosos são o alvo maior de vendas casadas.

 

Outra pergunta da pesquisa foi sobre portabilidade: 2/3 dos respondentes já fizeram, sendo o principal motivo as taxas de juros mais baixas e melhores prazos (83% dos respondentes no total). Mais da metade dos respondentes indicam estar muito satisfeitos com o EC, 30% indicam estar mais ou menos satisfeitos, mas reclamam que pagar o EC implica em renda mais baixa. 10% acham que foi um mau negócio. O principal motivo de insatisfação é o comprometimento de renda mensal.

 

Em termos de comprometimento de renda mensal o resultado assusta. Ao somar todos que têm mais do que 31% da renda comprometida com o pagamento de dívidas, o valor, muito elevado, chega a 46% da amostra. Os que têm mais que 51% de comprometimento da renda mensal somam 23%. Há efetivamente um contingente grande de superendividados no país.

 

Confira o estudo anexo 1.pdf

 

Metodologia

O FGVcef em parceria com a Toluna Insights realizou pesquisa junto a 808 detentores de empréstimos consignados em todo o Brasil durante o mês de julho de 2023. O levantamento foi realizado via questionário eletrônico anônimo, com 16 perguntas referentes ao empréstimo consignado, mais algumas que fazem o levantamento de características demográficas dos respondentes. As questões são todas de múltipla escolha.

 

O objetivo do estudo foi entender os diferentes aspectos dessa modalidade de crédito, principalmente do ponto de vista do tomador do empréstimo.

 

O público selecionado foi aquele que nos últimos 24 meses adquiriu o empréstimo consignado. A amostra reproduz a população brasileira, seja em termos de distribuição geográfica, gênero ou idade (menores de 18 anos não responderam).

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