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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Mudanças climáticas, queimadas e degradação da floresta: Amazônia em seu limite de sobrevivência

Tahysa Mota Macedo

Doutora em Botânica e professora de Biologia do Ensino Médio do Colégio Presbiteriano Mackenzie – Higienópolis.
 

 

A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical úmida do mundo e desempenha importante papel na regulação do clima do planeta e conservação dos recursos hídricos. Vale destacar os termos “tropical” e “úmida”. As florestas tropicais apresentam alta biodiversidade por se localizarem entre os Trópicos, próximas à Linha do Equador, onde a temperatura é mais elevada e a incidência luminosa é maior, garantindo maior biodiversidade. O bioma amazônico é muito úmido devido à alta taxa de evapotranspiração (perda de água pelas folhas das plantas) e por receber do Atlântico em média 2,2 mil mm de chuva anualmente. Essa massa de vapor de água formada sobre a Amazônia se desloca para as demais regiões do Brasil e outros países sul-americanos, influenciando os padrões climáticos nessas localidades. Além disso, a densa cobertura vegetal funciona como um reservatório de carbono. As árvores estocam carbono em sua estrutura ao realizarem fotossíntese, o que contribui para redução das taxas de dióxido de carbono na atmosfera, um gás estufa.

 

Considerando que já vivenciamos as consequências das mudanças climáticas, a floresta amazônica “saudável” torna-se crucial para mitigar os efeitos do aquecimento global. Embora o desmatamento seja reconhecido como o grande vilão da floresta, pesquisadores têm ressaltado que outras formas de degradação são ainda mais prejudiciais. Incêndio, prolongamento da estação seca, caça descontrolada, extração de grandes árvores madeireiras e os efeitos de borda (regiões à margem de áreas de desmatamento que sofrem com alterações de clima e solo), são alguns dos exemplos. Essa degradação promove a redução da cobertura vegetal, expõe o solo às intempéries, altera o microclima, ecossistemas e habitats, o que impacta diretamente na sobrevivência dos seres vivos, reduzindo a biodiversidade da floresta. O aumento da incidência de queimadas e das emissões de gases do efeito estufa torna a floresta ainda mais vulnerável às mudanças climáticas. Calcular a maioria desses efeitos pode ser mais difícil em comparação com ações antrópicas, como a exploração madeireira e o avanço da agricultura em áreas de floresta.

 

Por mais que se tente recuperar e reflorestar essas áreas, ela nunca apresentará a mesma fitofisionomia, logo, a perda é irreversível. A estimativa é que são desmatados em média 15 mil km² por ano em toda a região. Algumas áreas desse bioma já emitem mais dióxido de carbono do que absorvem e a elevação da temperatura só piora a eficiência fotossintética das árvores. Essa era uma expectativa para daqui 20-30 anos, mas pesquisadores acreditam que já esteja acontecendo.

 

O dia 05 de setembro, Dia da Amazônia, é uma data para celebrarmos a riqueza da nossa floresta, mas também para lembrarmos que muito ainda precisa ser feito.

 

Embora os danos sejam graves, é fundamental conscientizar as novas gerações. As crianças e adolescentes de hoje são os futuros empreendedores, diretores de empresas, pessoas que tomarão decisões importantes que favorecerão a preservação e o uso sustentável dos recursos do meio ambiente.

 

Afinal, não são apenas árvores, mas a Amazônia é uma região habitada por pessoas que dependem da floresta para sua sobrevivência, mesmo do outro lado do país. Todos nós usufruímos dos benefícios desse rico bioma.

 

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