O 3º Fórum da Nova Rota da Seda - ou Cinturão e Rota para Cooperação Internacional da China, BRI, como é conhecido mundialmente, realizado em Pequim, em 17 e 18 de outubro, foi encerrado com apelos por um “desenvolvimento verde” global. De fato, o primeiro semestre de 2023 foi o mais verde em qualquer período de seis meses desde o início da BRI em 2013, segundo dados do Green Finance & Development Center. Nos primeiros seis meses deste ano, cerca de 41% do engajamento energético da China em projetos internacionais foi em solar e eólica e cerca de 14% em energia hidrelétrica.
Entre os indicativos de que a Nova Rota da Seda envereda por um caminho verde está o recém-lançado white paper da BRI, que afirma que a próxima fase da iniciativa se aterá a conceitos verdes e de sustentabilidade. Ao mesmo tempo, as Diretrizes de Finanças Verdes da China passaram por uma reforma e agora determinam que os bancos e seguradoras chineses integrem indicadores ESG para apoiar investimentos estrangeiros de baixo carbono. E a Coalizão Internacional de Desenvolvimento Verde da BRI emitiu uma recomendação política passo a passo para que empresas, credores e investidores do país asiático aprimorem o gerenciamento do impacto ambiental em todo o ciclo de vida de seus projetos.
A concretização de políticas de sustentabilidade para grandes projetos pode ser decisiva no momento em que a China intensifica seus investimentos em países africanos, sul-americanos e asiáticos ricos em recursos naturais. O engajamento no setor de metais, petróleo e gás e minerais raros cresceu 131% este ano, em comparação com o primeiro semestre de 2022. Em relação aos minerais essenciais para a transição energética, Bolívia (+820%), Namíbia (+457%), Eritreia (+359%), Tanzânia (+347%) e Camboja (+230%) lideram o crescimento do investimento da BRI.
A China já controla uma parcela significativa das fontes globais de mineração – já detém mais de 50% da capacidade global de materiais cruciais, como lítio, níquel, cobalto e grafite, e vem expandindo sua mineração e processamento de lítio e cobre. Nos últimos seis meses, empresas chinesas adquiriram parte de uma mina de lítio no Mali, um contrato de usina de processamento de cobre na Arábia Saudita e colocaram em funcionamento uma usina de processamento de lítio no Zimbábue.
"Os primeiros seis meses de 2023 registraram o maior número de investimentos em energia verde nos países da Iniciativa do Cinturão e Rota. No espaço industrial verde mais amplo, as empresas chinesas investiram pesadamente nos países que fazem parte da BRI. Isso inclui a fabricação de baterias, peças para carros elétricos, mineração de metais de transição e transporte público”, descreve Christoph Nedopil Wang, diretor e professor do Griffith University Asia Institute, na Austrália.
“Ao mesmo tempo, são necessários mais investimentos em todo o mundo para a transição econômica verde. Idealmente, essa transição pode ser acelerada por meio da colaboração internacional e da aplicação de padrões ambientais mais rígidos, por exemplo, na mineração e no processamento. E a China pode desempenhar um papel determinante no apoio a essa transição por meio de tecnologia e investimentos”, completa Wang, que também é diretor e fundador do Centro de Finanças e Desenvolvimento Verdes da Universidade de Fudan, em Xangai.
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