Por Francisco Borges (*)
Passados seis anos, já estamos no terceiro governo. E mais de 6 Ministros de Educação estiveram à frente da pasta neste período. O que vimos foi cair por terra a discussão trazida pela proposta de engajar mais os alunos e modificar a metodologia de ensino dando centro ao aluno.
A exemplo da reforma proposta por Calvino e Lutero durante a Idade Média, podemos classificar o que acontece hoje na Educação brasileira como uma contrarreforma populista baseada nos chamamentos públicos – que reúnem diversos não-especialistas, todos com seus interesses pessoais para discutir temas para a evolução da Educação brasileira em anos futuros.
Na busca de ser socialmente inclusivo, estamos excluindo uma oportunidade para que mais duas ou três gerações se tornem independentes e capazes de produzir, gerar renda e se valorizarem como cidadãos. O Estado se esconde atrás de chamamentos públicos para não tomar decisões difíceis de atuar sobre o cerne do problema.
A formação de professores é outro ponto que tangencia a realidade da educação ineficiente, por diversos indicadores qualitativos e quantitativos de hoje. E agora a formação de docentes e pedagogos na modalidade EaD é a grande vilã, na cabeça destes. A tese se desfaz facilmente, se lembramos que formamos professores com base em diretrizes curriculares ultrapassadas e que há profissionais ruins e despreparados desde antes de existir a formação à distância.
Criar demônios para serem exorcizados é a prática de líderes populistas incapazes de resolver o real problema e que trazem problemas paralelos para distração da mídia e da população, ao ganhar tempo na incapacidade de realizar o que precisa.
“Pão e Circo”, “Lavo Minhas Mãos”, “o status quo versus a inovação de abordagem” são as mensagens mais vistas no setor educacional, que deveria ser o mais estratégico para transformar realmente o País.
A nação envelhecerá pobre e, assim, a falta de capacidade dos gestores públicos ficará submersa nos desafios sociais contínuos e mundanos. Nem Calvino, nem Lutero, nem Pilatos, nem Santo Inácio de Loyola esperavam que chegássemos ao Século XXI com estes dilemas tão importantes.
Ao ver que os jovens sofrem pela infelicidade ao serem expostos a metodologias de ensino e estratégias curriculares arcaicas, enquanto professores são formados com foco em conteúdos (dos quais desconhecem a maior parte) e nem apresentam visão para trabalhar temas transversais, percebemos que estamos longe da possibilidade de ter nas escolas o local de formação de lideranças e exponenciais de inovação.
(*) Francisco Borges é mestre em Educação e consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT).
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