Amazônia - Foto: Freepik |
Mais da metade da população da Amazônia brasileira (57%) está sob a influência da atuação do crime organizado, de acordo com um relatório divulgado hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último censo realizado em 2022, estimou que cerca de 29,5 milhões de pessoas vivem na Amazônia Legal, composta pelos estados brasileiros do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Os dados divulgados hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que 22 organizações criminosas atuam em pelo menos 178 municípios da Amazônia Legal, correspondendo a 23,05% do total de 772 municípios na região.
Os pesquisadores responsáveis pelo levantamento 'Cartografias da violência na Amazônia' destacaram também que "não é possível debater estratégias e políticas para manter a floresta amazônica de pé sem considerar a séria ameaça que o crime e a violência representam na região hoje".
O aumento da violência é promovido pela expansão de facções criminosas, principalmente de São Paulo e do Rio de Janeiro, que atuam intensamente no tráfico internacional de drogas, resultando no fortalecimento e profissionalização dos grupos criminosos locais.
"Novas rotas criminosas surgiram, assim como articulações com outros ilícitos, como a mineração ilegal e os crimes ambientais, impondo enormes desafios às instituições responsáveis pela manutenção da lei e da ordem", apontou o relatório.
Os dados também revelaram que a taxa de mortes violentas intencionais no Brasil no ano passado foi de 23,3 mortes por 100 mil habitantes, enquanto nas cidades que compõem a Amazônia Legal, a taxa registrada foi de 33,8 por 100 mil. Em outras palavras, a taxa média de violência letal na Amazônia foi 45% superior à média nacional brasileira.
Um dos maiores desafios da região é a dificuldade em fiscalizar a extensa faixa de fronteira que separa o Brasil dos países entre os maiores produtores de cocaína (Peru, Colômbia e Bolívia).
"Os espaços fronteiriços na região amazônica são locais de mobilidade populacional (fluxos migratórios), transações comerciais legais e clandestinas, e disputas territoriais entre grupos criminosos do Brasil e dos países fronteiriços", destacou o documento.
"Dado que o Brasil busca assumir o protagonismo geopolítico na América do Sul a partir da agenda socioambiental, a integração entre as agências dos países pan-amazônicos para a segurança pública e o desenvolvimento também precisa considerar a coordenação da presença das instituições governamentais nas fronteiras, especialmente das forças policiais e das Forças Armadas de todas as nações com territórios na Amazônia", acrescentou.
Nos últimos quatro anos (2019 a 2022), a apreensão de drogas pelas polícias locais nos estados da Amazônia aumentou 194,1%, enquanto as apreensões de drogas realizadas pela Polícia Federal na mesma região e período subiram 184,4%.
Segundo o relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esse indicativo comprova a relação entre o aumento do tráfico e a expansão das organizações criminosas na maior floresta tropical do planeta.
Também houve um aumento nos crimes ambientais. Os dados reunidos mostram que a taxa de crimes ligados ao desmatamento ilegal na Amazônia brasileira, entre 2018 e 2022, cresceu 85,3%, com 619 registros criminais; os incêndios criminosos aumentaram 51,3%, com 581 registros, e as multas por infração ambiental aumentaram 40,1%, com 7.919 infrações registradas no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
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