Novo presidente da CNI, Ricardo Alban tem destacado a importância de uma nova industrialização para o país. Empresário baiano tomou posse na última terça-feira (31). Ele ficará à frente da CNI até 2027
Você já ouviu falar em neoindustrialização? Ricardo Alban, novo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), tem afirmado a nova industrialização como uma das prioridades do país.
"Hoje, no Brasil, todos falam da necessidade de uma nova indústria, a chamada neoindustrialização. Se nesse momento estamos todos tão consicentes dessa necessidade, temos a responsabilidade e obrigação de aproveitar essas oportunidades, traçar políticas públicas convergentes, ter foco e garantir as verdadeiras entregas. E, dentro dessas entregas, o Brasil tem a oportunidade de voltar para o mercado internacional com indústrias de manufaturas de produtos verdes, descarbonizados."
Paulo Silvestre, especialista em desenvolvimento estratégico, explica o que é. "A neoindustrialização nada mais é do que o processo de modernização do setor industrial, com empregos de novas tecnologias que estão assumindo protagonismo no nosso dia a dia, como automação, inteligência artificial. Esse conceito é extremamente relevante, onde se fala tanto de economia verde, indústria 4.0. De certa forma, isso está redefinindo o panorama industrial".
Representantes do setor apontam que a retomada da indústria é fundamental para que o país cresça de forma consistente. Só assim seria possível interromper os "voos de galinha" da economia brasileira, acredita Marco Antonio Rocha, pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo Silvestre, quanto mais industrializado o Brasil se tornar, menos vulnerável será, principalmente em relação à balança comercial. "A industrialização impulsiona a inovação, o desenvolvimento tecnológico e a criação de uma cadeia produtiva mais robusta, mais diversificada, reduzindo a dependência do Brasil em relação às exportações de commodities, que muitas vezes estão sujeitas à flutuação do preço do mercado internacional", destaca.
Daniel Caiche, especialista em mercado de carbono, afirma que o Brasil também tem na neoindustrialização uma oportunidade para inserir pessoas no mercado de trabalho. "Ela tem um potencial para a geração de crescimento e transição da economia atual para uma economia de baixo carbono, representando uma grande janela de oportunidade para a geração de novos empregos, e chamados atualmente de os empregos verdes", pontua.
Histórico
Em meados da década de 80, a indústria representava quase 36% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de acordo com o FGV Ibre. Mas, em 2023, o setor responde por 23,9% de toda a riqueza produzida pelo país. A esse processo dão o nome de desindustrialização da economia brasileira. Se entre os anos 50 e 80, a indústria brasileira se expandiu, nas últimas quatro décadas — tendo como parâmetro a participação do setor no PIB – houve queda da atividade, seguida por estagnação.
Durante a cerimônia de posse no último dia 31, o novo presidente da CNI lembrou que a indústria precisa recuperar a produtividade em declínio nas últimas décadas. "A indústria brasileira vem perdendo a capacidade de competir nos mercados globais, o que é retratado de forma cristalina na nossa produtividade. A produtividade da indústria de transformação brasileira caiu quase 1% ao ano desde 1995. Enquanto cada hora trabalhada no Brasil gerava R$ 45 em produtos em 1995, hoje ela gera só R$ 36", comparou.
Ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Alban substitui Robson Braga de Andrade e ficará à frente da entidade por quatro anos.
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