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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Reserva de capital é garantia de sobrevivência das empresas em momentos de crise



Por Tiago Vicente (*)


Conflitos, epidemias e crises financeiras costumam testar a solidez e a resiliência de empresas de diferentes segmentos. A mortalidade é um dos principais problemas do empreendedorismo no Brasil e se precaver para atravessar momentos difíceis é essencial para não fazer parte desta estatística.


Segundo estudo do Sebrae, a partir das bases de dados da RFB e de pesquisas de campo realizadas entre 2018 e 2021, 21,6% das microempresas fecham após 5 anos de atividade. Ainda a título de ilustração, vale lembrar do levantamento feito no ano passado pelo IBGE. Segundo o instituto, em 2020, primeiro ano de pandemia de covid-19, houve o fechamento de 32.467 empresas empregadoras (micro, pequenas ou grandes companhias). Esse advento resultou na demissão de mais de 825 mil assalariados.


A crise da pandemia foi um grande desafio para todos, mas principalmente para os despreparados. Dentre os principais motivos que levam ao fechamento das portas está a falta de planejamento e controle dos gastos, o que compromete o caixa quando o empreendedor precisa atravessar momentos difíceis. Por isso, é sempre bom contar com uma reserva.


Os precavidos costumam enfrentar melhor esses momentos de cenário adverso e esta é justamente a importância da reserva de capital, que nada mais é do que o patrimônio líquido que a empresa adquire por meio de contribuições dos sócios majoritários, doações de terceiros, incentivos fiscais, ágio para emitir ações e outros benefícios que possam ser recebidos por pessoas jurídicas. Vale destacar que toda reserva de capital é constituída por valores recebidos pela empresa que não transitam pelo resultado.


A utilidade da reserva de capital é diversificada. Em primeiro lugar, ela pode servir para companhias se protegerem contra perdas inesperadas. Isso porque age como um colchão financeiro em crises econômicas ou quando há imprevistos. Por outro lado, imagine uma organização que busca expandir suas operações, seja abrindo novas filiais ou lançando novos produtos. Nesse caso, a reserva de capital pode fornecer o financiamento necessário para crescer, sem precisar recorrer a empréstimos com juros altos.

 

O fundo também é uma ferramenta valiosa no planejamento tributário de uma empresa. Na prática, ele ajuda a otimizar a gestão fiscal e a maximizar os recursos disponíveis para reinvestimento e crescimento.


Vale ressaltar que a reserva não deve ser utilizada a todo momento, já que seu uso deve ser estratégico e ponderado. Algumas situações que justificam a utilização desse recurso incluem: cobertura de prejuízos inesperados; investimento em oportunidades que exigem resposta rápida; sustentação durante crises no setor ou em toda a economia; compra, emissão, reembolso ou resgate de ações; custeio do resgate de partes beneficiárias e incorporação de capital.


A quantia guardada, portanto, não deve servir como uma extensão do orçamento previsto para o negócio cumprir suas obrigações e financiar as operações. Porém, pode ser útil em situações que fogem do controle da gestão, ajudando a solucionar questões financeiras. Manter uma reserva de capital não é apenas uma medida de precaução, mas um passo estratégico que proporciona diversas vantagens.


Atualmente, o mundo vive duas guerras que preocupam as principais instituições financeiras do mundo: na Europa (Rússia e Ucrânia) e no Oriente Médio (Israel e Hamas). Mesmo que pareça distante do Brasil, por exemplo, esse tipo de situação encarece insumos e combustíveis no médio e longo prazo. A guerra ainda não impactou as empresas, mas os dois cenários são desanimadores para os preços, caso ambas se mantenham por muito tempo. Analistas temem que a guerra na Europa dure ainda mais tempo. Já no caso do Oriente Médio, o medo é que outros países adentrem ao conflito, como Irã e até os Estados Unidos e dessa forma, afetar o preço dos combustíveis.


Diante de tanta insegurança, a reserva de capital é essencial. O fundo é um porto seguro para que o empreendedor recorra em tempos difíceis e pode ser a diferença entre fechar as portas e sobreviver em um período de turbulência financeira.


 

(*) Tiago Vicente é CEO do Controlle, plataforma de gestão financeira para as empresas

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