Hoje, 30 de dezembro de 2023, rememoramos os 125 anos do nascimento de Luís da Câmara Cascudo, o mais ilustre potiguar de todos os tempos, orgulho nosso de ter um professor, pesquisador, historiador e escritor completo como o maior filho de uma das províncias mais humildes deste nosso Brasil tão afastado dos livros.
Cascudo nos ensina na História da Cidade do Natal que houve um engano quanto à impressão de ser grande o rio que denominou a terra. O Rio Potengi aparenta ser grande na sua desembocadura, mas é apenas um pequeno curso d`água que corre das serras do Seridó em busca do atlântico; conhecida a falsa impressão caiu o nome dado pelo colonizador e retornou-se à denominação indígena “Potengi (riacho de camarões) como o termo definitivo daquele flume; o Rio Grande, entretanto, nunca deixou de denominar o Estado.
Quando nasceu Cascudo a Cidade do Natal era uma pequena cidade, no censo de 1900 contava pouco mais de 16 mil habitantes, o estado inteiro contava em torno de 250 mil almas e uma terra tão humilde viu surgir um homem tão grande, de talento inigualável nos levando direto a uma das grandes marcas de Cascudo, o seu amor pela terra natal.
Seria normal a partida do brilhante escritor para outras terras detentoras de muito maior infraestrutura para a pesquisa e até para a comunicação com outros pesquisadores; no livro da poetisa Zila Mamede que em 1968 celebrou os 50 anos de vida intelectual de Cascudo, o mestre relatou a dificuldade de conseguir certos materiais, tendo até de abrir mão de viagens para poder comprar livros.
Mas não foi, seria até natural que tivesse ido e o não ter ido pra longe da amada província também merece ser lembrado. Não indo colocou o RN no mapa do Brasil, descobriu a terra, navegou o rio, andou os sertões e registrou todos os elementos da cultura potiguar, desde os autos populares litorâneos à vaquejada no interior, os violeiros, aqui uma marca comum de todo o sertão do nordeste e as crenças, fez de sua terra o seu laboratório. Vi numa monografia escrita para o Ministério da Agricultura a catalogação de uma oração popular para curar bicheira de gado, ainda visualizei a prática, mas os rezadores jamais revelavam o conteúdo da oração.
Descobriu o Rio Grande do Norte, território deixado de lado pelo colonizador, apenas um fortim para prevenir invasão estrangeira e o “Brasil” desceu para o “Sul”, vindo a ser aquele o epicentro da nação independente e a nossa gente quase totalmente desconhecida pelos grandes centros urbanos do país.
Portanto, nos 125 anos do nascimento de Luís da Câmara Cascudo, exaltemos a vida e a obra do grande mestre e dessa forma exaltemos a terra potiguar e também a pátria brasileira na figura de tão ilustre e devotado filho. Somos marcas no tempo mas a memória é o fator que não permite o esquecimento que torna vazia tanta dedicação.
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